Movimento cívico marca concentração contra construção de incineradora em São Miguel
2017-04-26 09:12:51 | Lusa

O movimento cívico “Salvar a Ilha” anunciou a realização de uma concentração popular na próxima sexta-feira, na cidade de Ponta Delgada, como "forma de protesto à decisão" da construção de uma incineradora em São Miguel, obra já adjudicada.

"Esta concentração popular destina-se a todos os que apoiam uma solução sustentável para os resíduos em São Miguel, a todos os que querem acabar com os aterros, a todos os que acreditam que o projeto da AMISM pode e deve ser alterado para melhor", sustenta uma nota de imprensa do movimento cívico.

A iniciativa de sexta-feira, entre as 16:00 e as 20:00 locais, decorre nas Portas da Cidade.

Na segunda-feira, o presidente da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM), Ricardo Rodrigues, anunciou a adjudicação da construção da central de valorização energética de São Miguel, por 64,6 milhões de euros, uma decisão que disse ter sido tomada de forma "unânime" por todos os municípios da maior ilha dos Açores.

Além da construção da incineradora, cujas obras se deverão iniciar dentro de um ano, a AMISM vai instalar um pré-tratamento de resíduos.

O movimento cívico apela à participação de todos "os que entendem que a incineração irá agravar os custos da gestão de resíduos, os que sentem que esta é uma manobra da AMISM para iniciar a privatização da gestão de resíduos em São Miguel e a todos os que acreditam que a AMISM está a comprometer o futuro da sociedade micaelense".

Apontando que se trata de um investimento "dispendioso e que não respeita a boa execução dos dinheiros públicos", o movimento acrescenta que a concentração se destina também “a todos os que desconhecem, não aprofundaram e/ou não têm opinião sobre a incineração e a gestão sustentável de resíduos, a todos os que concordam com a incineradora mas não sabem explicar o motivo, a todos os que preferem não falar, a todos os que têm medo de falar".

"Este é o momento para mostrarmos às crianças e jovens quem esteve na defesa dos seus direitos e do seu futuro, este é o momento para mostrarmos à ilha quem esteve na defesa da sua conservação, este é o momento para mostrarmos à sociedade quem esteve na defesa dos seus interesses comuns. Se a incineração já não faz sentido hoje, imaginem dentro de 5 ou 10 anos", aponta ainda a nota assinada por Filipe Tavares, do movimento cívico.

A organização assinala ainda que durante os últimos meses um movimento de cidadãos "provou que o projeto da AMISM era oco, sem fundamento, técnica e estrategicamente errado, economicamente ruinoso e ambientalmente inaceitável".

Nos Açores já existe uma incineradora em funcionamento, na ilha Terceira, e estações de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) em sete das nove ilhas.

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