Ministro da Defesa espera contar com EUA, Nigéria ou Brasil no novo Centro de Defesa do Atlântico
2019-11-22 09:21:06 | Lusa
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, assinalou, quinta-feira, que conta com o interesse de países como os Estados Unidos da América, Brasil ou Nigéria no novo Centro de Defesa do Atlântico, nos Açores.
“Nós tivemos aqui hoje um conjunto de países representados, e queremos que todos esses, e outros, estejam também ativos como participantes, como formandos ou formadores nas atividades do centro”, disse o ministro à agência Lusa no final do encerramento do primeiro seminário do Centro para a Defesa do Atlântico (CeDA).
João Gomes Cravinho destacou que esta conferência, que decorreu no Instituto da Defesa Nacional, em Lisboa, contou com representantes de países europeus, como França, Reino Unido ou Espanha, “países com uma tradição atlântica”, nações africanas, como Togo, Marrocos, Angola, Nigéria, “que é uma das grandes potências do Atlântico sul”, e ainda “representantes do Brasil e dos Estados Unidos”.
“Todos esses países nós queremos que sejam participantes ativos, e contamos com eles”, salientou, notando que agora é o momento de “desenvolver, a partir desta base, um produto que seja atraente” na perspetiva portuguesa, mas também para “todos os países da orla do Atlântico”.
Na opinião do ministro, esta iniciativa, que marca o lançamento do CeDa – equipamento localizado na Base das Lajes, na ilha Terceira, e que deverá estar consolidado “daqui por um ano” – “foi um sucesso”.
O objetivo deste seminário passava por ouvir as perspetivas de agentes da área da segurança marítima, entre os quais 30 especialistas internacionais, de 15 países, e várias organizações.
“Nós tínhamos, desde o princípio, ideias razoavelmente estruturadas sobre o que queremos fazer com o centro, mas exatamente por querermos que o centro seja intrinsecamente multinacional, não apenas um centro português, era muito importante auscultar as opiniões, as ideias, as perspetivas de pessoas de outros países do Atlântico”, considerou Gomes Cravinho.
À Lusa, o ministro da Defesa Nacional referiu que as opiniões transmitidas pelos convidados estrangeiros “enriqueceram bastante” o plano nacional, pelo que “durante os próximos dias será possível agora, de algum modo, reformatar ou melhorar um pouco” a perspetiva inicial portuguesa.
João Gomes Cravinho explicou que o trabalho do centro vai ser organizado “de acordo com a procura” e com as “necessidades que são sentidas”.
Notando que “este seminário permitiu identificar algumas necessidades”, o governante admitiu que a projeção do Ministério da Defesa para o CeDA e as suas “análises sobre o Atlântico” podem ser enriquecida com temas como o ambiente, e particularmente com o aquecimento global.
Na apresentação das conclusões saídas das sessões que decorreram à porta fechada, o coronel Lemos Pires, que integra o grupo de trabalho, destacou que os participantes concordaram unanimemente que as alterações climáticas são uma das maiores ameaças para o futuro dos países localizados junto ao Oceano Atlântico.
“Isso leva, naturalmente, a que nós comecemos a pensar em mecanismos, processos de formação, processos de consolidação e cooperação relacionados diretamente com as consequências das alterações climáticas”, observou o ministro.
Gomes Cravinho estimou que na primeira metade do próximo ano se iniciem as formações do CeDA na ilha Terceira, “dirigidas a países do Atlântico e, sobretudo, a países africanos do Golfo da Guiné e da costa africana do Atlântico”.
Também presente na sessão de encerramento do seminário, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Togo, Robert Dussey, assinalou a mobilização da comunidade internacional da resposta contra a pirataria no golfo da Guiné.