CDS/Açores diz que SATA vai acabar com voos entre Terceira e América do Norte
2020-08-26 09:40:57 | Lusa
O líder do CDS-PP/Açores, Artur Lima, acusou o Governo Regional e a companhia aérea SATA de prejudicarem a ilha Terceira, alegando que a ilha deixará de ter ligações diretas à América do Norte.
“A partir do dia 01 de setembro, o Aeroporto das Lajes deixa de ter voos internacionais. A SATA deixa de voar para Boston [Estados Unidos] e para Toronto [Canadá]. É preciso recuar ao tempo da ditadura salazarista para encontrarmos tal paralelo. Até a primavera marcelista, em 1971, inaugurou o voo Lisboa-Lajes-Boston”, afirmou.
Artur Lima, que falava numa conferência de imprensa junto ao Aeroporto das Lajes, acusou o Governo Regional dos Açores, o Governo da República, a SATA e a TAP de formarem uma “coligação negativa, que vai provocar um retrocesso do desenvolvimento económico e social na ilha Terceira como nunca antes visto”.
“O senhor presidente do conselho de administração da SATA disse que ia reestruturar a SATA doesse a quem doesse. Já percebemos a quem vai doer, vai doer à Terceira e aos terceirenses, uma vez que a SATA não voa para a ilha Terceira”, frisou.
O dirigente centrista disse que a Azores Airlines, do grupo SATA, “deixou de voar para a ilha Terceira”, fazendo atualmente apenas uma escala na ligação Lisboa-Boston-Lisboa, com ida à terça e regresso na quarta-feira.
“A única ilha que foi ostracizada pela SATA foi a Terceira e propositadamente, com a complacência do Governo Regional e do conselho de administração”, sublinhou.
A SATA anunciou, entretanto, a retoma das ligações diretas entre a Terceira e o Porto, mas o líder do CDS-PP considerou que são "voos eleitorais", classificando o anúncio como "uma palhaçada", a que "os terceirenses saberão reagir", nas eleições regionais, em outubro.
Para Artur Lima, a justificação “financeira” para o cancelamento das rotas para Boston e Toronto não pode ser aceite quando a empresa gastou 36 milhões de euros, entre 2018 e 2020, “para ter um avião parado” e outros 23 milhões de euros para o vender.
“Temos praticamente 60 milhões de euros esbanjados e pagos pelo dinheiro os açorianos, mas não há dinheiro para fazer voos para a Terceira”, reiterou.
O líder centrista, que é também deputado na Assembleia Legislativa dos Açores, criticou, por outro lado, o facto de ainda não ter sido dado a conhecer o plano de reestruturação da companhia aérea açoriana, que segundo o executivo açoriano está concluído desde julho.
“A democracia nos Açores está doente, está infetada, não sei por que vírus, mas deve ser o socialista vírus, porque há um plano de negócios de uma empresa pública, com dinheiros públicos, paga pelos nossos impostos, que devia ser público e publicado, mas é segredo, em democracia”, criticou.
E a administração da SATA confirmou que suspendeu “temporariamente” as ligações diretas da ilha Terceira para Boston, nos Estados Unidos, justificando a decisão com as baixas taxas de ocupação, devido à pandemia da covid-19.
“Em julho, a taxa de ocupação média nesta rota foi de 21% e, em agosto, até à data, baixou ainda mais para 17%. Seria um indicador de gestão irresponsável se a SATA ignorasse esta infeliz realidade. Assim, a companhia aérea Azores Airlines vê-se obrigada a suspender temporariamente esta ligação”, avançou a empresa, em comunicado de imprensa.
A SATA acusou o dirigente centrista de utilizar “comparações totalmente descabidas, despropositadas e profundamente desconhecedoras da realidade que o mundo inteiro está a viver”.
“A ligação Terceira-Boston é uma rota importante para os açorianos, para os terceirenses e para a SATA, que, em tempos normais, trará valor para todos. Acontece que, em função das circunstâncias que infelizmente todos vivemos com a pandemia, as taxas de ocupação, em geral, e desta rota, em particular, baixaram dramaticamente”, reiterou a empresa.
A companhia aérea acrescentou que está a trabalhar em “medidas de racionalização para continuar a enfrentar a pandemia” e a trabalhar com os agentes nos Açores, na Terceira e na América do Norte “para retomar o mais rapidamente possível, não apenas a rota Terceira-Boston, como outras, que mostram potencial de desenvolvimento sustentável”.