Incineradora da Terceira produz parte da energia consumida na ilha
2016-06-29 16:58:19 | Lusa
A Central de Tratamento e Valorização de Resíduos da Ilha Terceira foi hoje inaugurada, depois de ter entrado em funcionamento no início do ano, sendo já responsável em alguns períodos do dia por 15% da energia consumida na ilha.
"Estamos com uma potência de 2 megawatts, o que quer dizer que num dia são cerca de 48 a 50 megawatts colocados na rede da ilha Terceira, o que representa, nalgumas situações, 15% da energia distribuída na ilha", salientou, em declarações aos jornalistas, Álamo Meneses, presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e presidente do conselho de administração da Empresa Municipal de Gestão e Valorização Ambiental da Ilha Terceira (Teramb).
Com uma capacidade anual para processar 40 mil toneladas, a incineradora teve um custo de cerca de 36 milhões de euros e foi comparticipada a 100% por fundos comunitários, uma vez que no final de 2015 foi autorizado um reforço de 17 milhões de euros do Fundo de Coesão para os Açores, que permitiu financiar os 5 milhões de euros do encargo que deveria ser suportado pelas duas autarquias da ilha Terceira (Angra do Heroísmo e Praia da Vitória).
A construção da incineradora motivou uma queixa da associação ambientalista Quercus na Comissão Europeia, em 2014, que não obteve resposta, bem como a contestação do Bloco de Esquerda nos Açores.
No entanto, segundo Álamo Meneses, a incineradora é "a solução adequada, com a tecnologia adequada", sobretudo tendo em conta que a estrutura não vai tratar apenas os resíduos produzidos no dia-a-dia, como limpar as bolsas do aterro.
"Creio que todos aqueles que são consequentes do ponto de vista do conhecimento ambiental percebem que esta é a solução. Contestado devia ser o que está do outro lado do caminho, que é um aterro que está a derramar lixiviados para as águas subterrâneas e que está a enviar para a atmosfera imensas quantidades de gases com efeitos de estufa que causam grandes problemas ambientais", frisou.
Segundo o presidente da Teramb, há perigo de os lixiviados libertados pelas bolsas do aterro se infiltrarem nos solos, introduzindo materiais perigosos no "melhor aquífero da ilha Terceira", para além do metano libertado pelas bolsas ter um efeito de estufa "oito vezes superior" a igual quantidade de dióxido de carbono libertado pela incineradora.
O autarca apelou, ainda, ao Governo Regional e à EDA (Electricidade dos Açores) para que avancem "rapidamente" com a construção de uma central hídrica reversível na ilha Terceira, para armazenar energia nos períodos de menor necessidade, já que atualmente a energia produzida na incineradora tem de ser de imediato injetada na rede elétrica.
"Com esse investimento, que rondará os 20 milhões de euros, será possível elevar o grau de penetração das energias renováveis na ilha Terceira para a casa dos 70 a 75%", frisou.
Em resposta, o vice-presidente do Governo Regional, Sérgio Ávila, disse acreditar que a Região tem "todas as condições" para levar esse projeto à frente, acrescentando que os Açores são "um exemplo de liderança" para o país, em matéria de gestão de resíduos.
O Plano Estratégico de Gestão de Resíduos dos Açores, criado em 2008, quando Álamo Meneses era secretário regional do Ambiente, já tem uma "parte substancial" concretizada, segundo o vice-presidente do executivo açoriano, tendo sido realizado um investimento de 76 milhões de euros, em oito das nove ilhas do arquipélago.