Voto de protesto do PAN/Açores sobre tourada à corda chumbado no parlamento regional
2021-03-24 15:30:57 | Lusa
Os partidos que integram a coligação de Governo nos Açores (PSD, CDS-PP e PPM), PS e Chega chumbaram hoje um voto de protesto do PAN pela classificação, como tradicional, da tourada à corda da Fajã do Fisher.
O líder e deputado único do PAN/Açores, Pedro Neves, viu a proposta apresentada hoje na Assembleia Legislativa Regional ser votada favoravelmente apenas pelos dois deputados do BE/Açores, com a abstenção do deputado único da Iniciativa Liberal.
Na apresentação do voto de protesto, Pedro Neves recordou que a Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo, ao abrigo do Regime Jurídico de Atividades Sujeitas a Licenciamento das Câmaras Municipais na Região Autónoma do Açores, e em sessão de 12 de fevereiro de 2021, deliberou classificar como tradicional a tourada à corda promovida pelas comissões das festas tradicionais da Fajã do Fisher, na ilha Terceira.
Para o parlamentar, a tourada à corda “é uma prática de cariz restrito a nível nacional e mesmo regional, pois não é, sequer, praticada em todas as ilhas”, sendo que esta classificação “nem dignifica a localidade, nem os Açores ou mesmo os processos de classificação de património tangível ou intangível no contexto de abrangência cultural”.
Recordando que a tauromaquia, da qual “não se pode desmaterializar a tourada à corda, foi vedada pela própria UNESCO quando, há menos de um ano, a candidatura espanhola foi apresentada”, Pedro Neves afirmou que a tourada à corda “não está mais do que para a engorda de um ‘lobby’ restrito com meros interesses económicos”.
“No vasto e rico leque cultural que os Açores possuem, esta prática envergonha tantos grupos culturais que se dedicam a setores tão elevados e variados para os quais não existe o mesmo interesse em preservar e impulsionar”, considerou o deputado do PAN/Açores.
O deputado centrista Pedro Pinto referiu que o voto apresentado revela uma “profunda repulsa pelas tradições culturais açorianas”, destacando o “profundo impacto na economia da ilha Terceira, de 11%, e de 3,5% no PIB dos Açores”, no âmbito de uma atividade “do povo, feita pelo povo e sustentada pelo povo”.
O socialista Berto Messias considerou que a proposta apresentada pelo PAN/Açores “demonstra grande ignorância e desconhecimento” sobre o enquadramento legal da atividade, uma vez que as touradas podem ser classificadas, tendo salvaguardado que os agentes do sector têm apostado na preservação do touro bravo “com grande esforço financeiro”.
O social-democrata Luís Soares disse que a tourada à corda é a “manifestação cultural que mais serve a economia local da ilha Terceira”, havendo “muitos setores que dependem desta atividade”, em que considerou que os animais são bem tratados.