Dirigente empresarial considera "obsoleto" modelo económico dos Açores
2016-07-14 10:00:37 | Lusa

O presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) declarou que o atual modelo de desenvolvimento dos Açores está “obsoleto” e é “cada vez mais público”, em detrimento da iniciativa privada.

“Este modelo está obsoleto porque é um modelo que está cada vez mais público, numa altura em que este está esgotado. Esta opção vai levar a que cada vez mais venhamos a precisar de recursos para o alimentar”, declarou Mário Fortuna.

O responsável pela CCIPD falava em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, em conferência de imprensa para apresentação da parceria para o desenvolvimento económico e social dos Açores, um documento da responsabilidade da Federação Agrícola dos Açores, estrutura regional da União Geral de Trabalhadores (UGT) e Câmara de Comércio e Indústria dos Açores.

Mário Fortuna acrescentou que os recursos necessários para alimentar o modelo em vigor vão ter de surgir por via dos impostos, transferências do Orçamento do Estado e fundos comunitários.

O economista e professor universitário preconizou um modelo económico assente no setor privado ou a economia regional está “condenada” e deixou uma mensagem de preocupação caso Portugal, e consequentemente os Açores, tenham que suspender fundos comunitários, na sequência de eventuais sanções por parte da União Europeia (UE).

“Ou evoluímos para uma economia mais privada ou para uma economia condenada às vontades políticas e aos caprichos políticos de cada momento”, frisou.

Os responsáveis pela parceria para o desenvolvimento económico e social dos Açores, além de reivindicarem um “novo paradigma de desenvolvimento económico e social” que “promova o investimento reprodutivo e a criação de empresas e empregos sustentáveis”, defendem a “libertação imediata” dos programas comunitários ao abrigo do atual quadro comunitário de apoio 2014-2020, visando apoiar o investimento e formação.

Os autores do documento preconizam o apoio ao investimento na reabilitação urbana, a adoção de “medidas urgentes” para a lavoura dos Açores, a integração dos trabalhadores com vínculo precário nos quadros das entidades públicas empregadoras, bem como a revisão de programas operacionais para que estes gerem emprego.

A parceria defende o reforço dos programas de apoio ao primeiro emprego e a “libertação da sociedade civil das peias do Governo” através da participação da sociedade na discussão, aprovação e execução das políticas públicas de desenvolvimento económico e social.

Os dirigentes do tecido empresarial dos Açores, da agricultura e dos trabalhadores querem rever o Conselho Regional de Concertação Estratégica, substituindo-o por um “efetivo” Conselho Económico e Social que seja presidido por um independente.

Defendem, ainda, a revisão dos conselhos de ilha, a par de um Governo e uma administração pública regional “mais cumpridora das suas obrigações legais” e que seja “mais transparente”.

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