Líder dos empresários açorianos afirma que há falta de liquidez no setor público
2016-07-19 09:35:27 | Lusa
O presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) declarou que a retenção de valores devidos à Segurança Social pelas empresas públicas dos Açores está associada à “falta de liquidez” do setor público.
“Acontecendo na esfera pública, o problema tem outro contorno que já está associado à falta de liquidez no setor público, o que significa que se está a gastar para além daquilo que se tem e há algum desequilíbrio financeiro a este nível”, disse Mário Fortuna em declarações aos jornalistas.
O dirigente do setor empresarial reuniu ontem com o líder do PSD/Açores para apresentar os resultados do fórum anual de reflexão sobre a economia regional das câmaras de comércio e indústria de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, que vão ser transmitidos a todas as forças políticas com assento no parlamento regional.
Mário Fortuna afirmou que as câmaras de comércio dos Açores têm “denunciado” este desequilíbrio financeiro “porque o Governo e as suas empresas têm de pagar a tempo e horas, dando o exemplo, para não contaminar o resto do sistema”.
O deputado do PSD no parlamento dos Açores Luís Maurício disse a 12 de julho que o hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, reteve 2,8 milhões de euros de descontos de trabalhadores para a Segurança Social, referindo tratar-se de “crime fiscal”.
“O hospital teve necessidade de reter descontos dos trabalhadores e descontos também, naturalmente, da entidade patronal para a Segurança Social. Estes descontos são retidos num montante apreciável, é superior a 2,8 milhões de euros, que serão pagos num acordo que o hospital fez com a Segurança Social até 2020, inclusive”, afirmou à agência Lusa Luís Maurício, depois de ter abordado a situação no plenário da Assembleia Legislativa Regional, na Horta, ilha do Faial.
“Quando é o próprio Governo que não paga ao Governo, instituições diferentes, naturalmente, é motivo de preocupação porque se sinaliza um problema de base que se relaciona com os atrasos dos pagamentos às empresas privadas que são fornecedoras dos hospitais, que é o caso mais evidente, mas também de outras empresas do perímetro do orçamento público”, declarou o dirigente da CCIPD.
Mário Fortuna adiantou que a falta de pagamentos à Segurança Social também se coloca no setor privado, que foi confrontado com falta de liquidez, mas salvaguarda que o problema “já foi um pouco mais grave”, encontrando-se “esbatido”.
O responsável pela CCIPD acentuou que as empresas privadas têm vindo a negociar com a Segurança Social os prazos de regularização dos pagamentos.
O líder do PSD/Açores, que afirmou ter "tomado nota" do encontro com Mário Fortuna, defendeu a necessidade de se apoiar mais as empresas e microempresas da região que “criam efetivamente emprego sustentado”.
“Cerca de 70 por cento do emprego nos Açores está dependente de pequenos empresários que têm tido o Governo Regional de costas voltadas, claramente”, declarou Duarte Freitas.