Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo diz que assumiu promoção de rotas para a Terceira
2022-02-24 15:44:08 | LUSA

O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) disse hoje que a associação assumiu a promoção de novas rotas aéreas para a ilha Terceira, porque esse trabalho não foi feito por outras entidades.

“Claramente, assumimos [a promoção do destino], porque entendemos que quem tem a responsabilidade de o fazer não o fez”, afirmou o presidente da CCAH, Marcos Couto, numa audição na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores, referindo-se aos voos diretos da ilha Terceira para Nova Iorque, Oakland (Estados Unidos) e Montreal (Canadá).

O responsável falava em resposta a uma intervenção da deputada socialista Andreia Cardoso que perguntou se a associação empresarial tinha assumido a promoção do destino nestas rotas e que papel tinham tido o Governo Regional e a Associação de Turismo dos Açores (ATA).

A audição de Marcos Couto, na qualidade de presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo e de presidente do Conselho de Ilha da Terceira, surgiu a propósito de um projeto de resolução apresentado por PSD, CDS-PP e PPM (partidos que integram a coligação de governo), que recomenda ao executivo açoriano que promova o aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, “enquanto porta de entrada de fluxos turísticos nos Açores, sejam nacionais ou internacionais”.

Recomenda ainda que o Governo Regional diligencie, “em estreita articulação” com a ATA e com a CCAH, “campanhas de promoção turística que potenciem e incentivem a captação de ligações aéreas internacionais para a ilha Terceira”.

O empresário manifestou-se a favor da proposta dos partidos da coligação, mas disse que o produto turístico Açores ainda não está bem definido e que a promoção não tem em conta as especificidades de cada ilha.

“Os Açores devem ser promovidos dentro de um grande chapéu que se chama Natureza e, dentro desse chapéu, temos nove realidades diferentes, que não têm de ser promovidas individualmente. Têm é de ser promovidas em igualdade de circunstâncias”, reforçou.

Para além das ligações já confirmadas a Londres (Reino Unido), Boston (Estados Unidos da América) e Toronto (Canadá), a ilha Terceira terá este verão ligações diretas a Nova Iorque, Oakland e Montreal.

Segundo Marco Couto, a CCAH avançou com a promoção destas três rotas, porque “os hotéis estavam a morrer à míngua” e nada era feito em termos de promoção.

O presidente da associação empresarial denunciou também “dificuldades” colocadas à promoção de novas rotas para a ilha Terceira, sem especificar a quem se referia.

“A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo contratou um operador para fazer um voo charter para ilha Terceira. A operação custa 25 mil euros. Temos um grande problema. Nos últimos quatro anos, essa operação foi feita para São Miguel por 75 mil euros e o dinheiro apareceu sempre”, apontou.

Marcos Couto sublinhou que a associação empresarial “vai fazer o seu caminho de promoção de Terceira, Graciosa e São Jorge, até sentir que da parte das entidades responsáveis por essa promoção começa a existir convergência”.

“No dia em que existir convergência, estamos cá para trabalhar todos para o mesmo”, frisou.

O empresário rejeitou ainda o “mito urbano” de que “as companhias aéreas não querem voar para a Terceira”.

“Ninguém voava para a Terceira, porque ninguém conhecia a Terceira”, justificou, alegando que a Aerogare Civil das Lajes, de gestão pública, nunca marcou presença em feiras internacionais do setor.

Marcos Couto revelou que a CCAH está em negociações com várias companhias para atrair novas rotas para a ilha Terceira “em 2023 e 2024”.

O presidente da CCAH rejeitou também problemas operacionais no aeroporto das Lajes, localizado numa base militar, alegando que existem 22 ‘slots’ para aviões disponíveis.

Ainda assim, defendeu a necessidade de obras de “ampliação do terminal”, que “tardam” em ser realizadas, e uma negociação com a Força Aérea norte-americana, para que a infraestrutura se transforme numa infraestrutura civil, com uso militar.

Questionado pela deputada socialista Andreia Cardoso sobre a inexistência de incentivos à iniciativa privada, desde o final de 2021, Marcos Couto admitiu que era “um problema”.

“Já alertámos as secretarias e o governo para esta situação. É inadmissível. Não se podia ter fechado isto desta forma. É dramático”, afirmou, alegando que acrescem a esse problema “os atrasos nos pagamentos dos apoios às empresas”, para compensar os constrangimentos provocados pela pandemia de covid-19.

Marcos Couto manifestou ainda “grande preocupação” com uma “diminuição acentuada” de verbas disponíveis para as empresas no novo quadro comunitário de apoio.

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