Ryanair encerra todos os voos para os Açores a partir de março
2025-11-20 11:37:14 | Lusa

A Ryanair vai encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias e "a inação do Governo", anunciou hoje a companhia aérea de baixo custo.

A Ryanair anunciou hoje “que irá cancelar todos os voos de/para os Açores a partir de 29 de março de 2026, devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português, que aumentou as taxas de navegação aérea em +120% após a Covid e introduziu uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros Estados da União Europeia (UE) estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade, que é escasso".

A ANA - Aeroportos de Portugal, empresa que gere as infraestruturas aeroportuárias em Portugal, é detida pelo grupo francês Vinci.

A companhia argumenta que "infelizmente, o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores", acrescentando que a ANA "não enfrenta concorrência em Portugal – o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização – numa altura em que aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para estimular o crescimento".

A Ryanair defende que o Governo "deve intervir e garantir" que os aeroportos nacionais – "uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores – sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês".

Assim, consideram que a competitividade de regiões europeias mais remotas como os Açores está a ser prejudicada pelo que apelidam de taxas ambientais anticoncorrenciais da UE.

"O ETS [sistema de comércio de emissões] da UE aplica-se apenas a voos intraeuropeus, enquanto voos de longo curso, mais poluentes, para os EUA e Médio Oriente estão excluídos. Em vez de tornar a aviação europeia mais competitiva (reduzindo o ETS), a UE expandiu o ETS para abranger regiões remotas como os Açores – isentando concorrentes não pertencentes à UE, como a Turquia e Marrocos. A Ryanair volta a apelar a Ursula von der Leyen para garantir condições equitativas nas taxas ambientais da UE, trazendo imediatamente as taxas ETS para níveis equivalentes aos do CORSIA [o esquema de compensação e redução de carbono para a aviação internacional que se aplica aos voos de e para países terceiros]", referem.

A Ryanair conta com 10 anos de operações entre os Açores e Lisboa, Porto, Londres e Bruxelas.

“Estamos desapontados por o monopólio aeroportuário francês ANA continuar a aumentar as taxas aeroportuárias portuguesas para encher os seus bolsos, à custa do turismo e do emprego em Portugal – particularmente nas ilhas portuguesas. Como resultado direto destes custos crescentes, não tivemos alternativa senão cancelar todos os voos para os Açores a partir de 29 de março de 2026 e realocar esta capacidade para aeroportos de menor custo noutros pontos da vasta rede do Grupo Ryanair na Europa", conclui na mesma nota o administrador da Ryanair responsável pela área comercial (Chief Commercial Officer, CCO), Jason McGuinness.

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