Empresários da Terceira acusam TAP provocar prejuízos ao cancelar voos na Páscoa
2018-03-29 09:04:10 | Lusa

A Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) alertou para os constrangimentos provocados pelo cancelamento de voos da TAP para a ilha Terceira, alegando que causaram prejuízos no turismo e no transporte de mercadorias.

"Desde o dia 25 de março que a TAP está a cancelar a sua operação Lisboa-Terceira-Lisboa, num período de Páscoa, em que os voos estavam completamente lotados, ou seja, os turistas não conseguem chegar à ilha Terceira e os residentes não conseguem sair para outros destinos", apontou a associação empresarial, em comunicado de imprensa.

Segundo a CCAH, a TAP cancelou seis ligações (ida e volta) entre Lisboa e a ilha Terceira (Açores), entre domingo e terça-feira, e a companhia aérea açoriana, SATA, não colmatou esta falha, o que deixou a ilha "bloqueada".

"Para agravar esta situação, a SATA, que devia servir para equilibrar o mercado, ainda para mais funcionando em 'code-share' com a TAP, não reforça a sua operação, nem para o continente português, nem para São Miguel, mesmo com a garantia de uma ocupação de 100% e com novos aviões", frisou.

Para além de prejudicar "enormemente" os empresários ligados ao turismo e o fluxo de passageiros, esta situação provocou também "constrangimentos dramáticos" no transporte de mercadorias e no serviço dos Correios de Portugal (CTT), segundo a associação que representa os empresários das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa.

"Numa altura em que temos um concurso público [concessão do transporte aéreo de carga e correio] que há dois anos ou fica deserto ou em silêncio, os cancelamentos de voos que deveriam trazer, também, mercadoria agravam, e muito, a disponibilização de carga às empresas e particulares. Estes são problemas crónicos que a ilha Terceira e os Açores atravessam há anos, sem resolução à vista", pode ler-se no comunicado de imprensa.

Segundo a associação empresarial, os constrangimentos no transporte de mercadorias estendem-se também aos navios, que têm apresentado falhas "forma crónica, nos últimos três anos".

"Estamos, já, com uma disponibilidade deficitária de transporte de contentores, a levar a que as empresas da região passem semanas com as suas mercadorias paradas nos portos em Lisboa e no Porto", apontou a CCAH.

Os empresários consideram "inadmissível" que o Governo Regional não resolva estes problemas, que "afetam gravemente o desenvolvimento harmónico da região" e não podem "continuar a persistir".

Também os deputados do PSD à Assembleia Legislativa dos Açores eleitos pela ilha Terceira criticaram o cancelamento de voos da TAP.

"Tem sido uma postura inadmissível e exigimos que a TAP respeite a Terceira e respeite os terceirenses", frisou a deputada Mónica Seidi, criticado "a incapacidade da companhia em cumprir com o anunciado, logo em pleno período de férias da Páscoa, sem dar qualquer explicação aos passageiros ou às agências de viagens".

O novo horário de Verão da TAP previa que um avião pernoitasse na ilha Terceira, realizando um voo de Lisboa para a Terceira às 22:10 e o regresso na manhã seguinte às 07:00.

A companhia aérea cancelou 36 voos de e para aeroporto de Lisboa entre as 07:00 de segunda-feira e a tarde de terça-feira, segundo a página da ANA -Aeroportos de Portugal.

A agência Lusa questionou a transportadora, que ainda não respondeu, sobre os motivos para dezenas de cancelamentos.


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