Presidente da Saudaçor defende vantagens da centralização das dívidas dos hospitais dos Açores
2018-06-26 08:57:57 | Lusa

A presidente do conselho de administração da Saudaçor (Sociedade Gestora de Equipamentos e Recursos de Saúde nos Açores), Luísa Melo Alves, defendeu que, ao centralizar as dívidas dos hospitais, a entidade conseguiu reduzir os encargos financeiros.

“Foram reestruturados financiamentos, nomeadamente em termos de alargamento de prazos, melhores ‘spreads’ e obtenção de aval nalgumas operações onde não havia, e as contas de 2016 evidenciam uma redução de gastos financeiros de 7 milhões, o que permitiu libertar esta verba para hospitais e unidades de saúde de ilha”, adiantou, em declarações aos jornalistas.

Luísa Melo Alves falava à margem de uma audição na Comissão Eventual de Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos do Parlamento açoriano, que demorou cerca de três horas, em Angra do Heroísmo.

No final de 2017, a dívida da Saudaçor rondava os 647 milhões de euros, o que segundo a presidente do conselho de administração se justifica pela transformação da dívida comercial vencida dos hospitais em dívida financeira, com o objetivo de ser “negociada com condições centralizadas pela Saudaçor”.

“Todos os anos a Saudaçor tem vindo a recorrer à banca no sentido de que temos vindo sempre a reestruturar os financiamentos existentes, a maior parte em que não há aumento de capital em dívida”, salientou, alegando que em 2018 foi possível reduzir o ‘spread’ de 4,4% para 1,7%, o que permitirá uma poupança na ordem dos “1,8 milhões de euros”.

O deputado Carlos Silva, do PS, perguntou pelas mais-valias da centralização da dívida e sobre a sua evolução, mas o deputado Artur Lima, do CDS-PP, defendeu que a Saudaçor foi criada para “pagar a dívida dos hospitais e transformar o Sistema Regional de Saúde numa coisa gerível”.

Também o deputado António Vasco Viveiros, do PSD, perguntou se a empresa pública foi utilizada como um “instrumento financeiro” para assumir o passivo de “instituições subfinanciadas”, enquanto o deputado Paulo Mendes, do BE, perguntou se um dos objetivos da criação da Saudaçor foi a possibilidade de a dívida dos hospitais deixar de ser direta, apesar de continuar a integrar o perímetro consolidado da dívida da região.

Luísa Melo Alves destacou ainda o papel da Saudaçor na criação de uma central de compras de medicamentos para as unidades de saúde da região, alegando que entre 2010 e 2017 foram obtidas “poupanças estimadas de 13 milhões de euros”.

Entre as principais críticas ao desempenho da empresa pública, esteve o processo de informatização das unidades de saúde da região, que decorre há mais de uma década e previa o acesso a informação única a partir de qualquer centro de saúde e hospital.

Segundo a presidente do conselho de administração, inicialmente estava prevista a aquisição de um sistema próprio, mas entretanto a empresa optou pela melhoria dos sistemas existentes, sendo já possível aceder a uma informação única nos centros de saúde, mas não nos hospitais.

O deputado do CDS-PP questionou ainda Luísa Melo Alves sobre a aquisição de serviços de benchmarking (análise comparativa), num investimento de cerca de 200 mil euros, em quatro anos, mas a gestora realçou as suas vantagens.

“Nesta fase, é a única ferramenta que nos dá informação uniformizada para os hospitais, com o mesmo bilhete de identidade para cada indicador, com o mesmo modo de ir à fonte e ler os dados que foram codificados pelos médicos no âmbito de toda a sua atividade”, frisou, acrescentando que foi o hospital de Ponta Delgada que recorreu primeiro a estes serviços nos Açores.

Esta foi a primeira audição da Comissão Eventual de Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos, requerida por CDS-PP, PSD e PPM e criada em fevereiro de 2018.

A Saudaçor é uma das empresas que o Governo Regional pretende extinguir até 2019.

Questionada pelo deputado do PPM, Paulo Estêvão, sobre o processo de extinção e sobre os pareceres dados pela empresa, a presidente do conselho de administração disse que haverá internalização das funções, dos trabalhadores e da dívida, acrescentando que o processo será liderado pelo Governo Regional e que não foram pedidos pareceres à Saudaçor, apesar de essa possibilidade ter sido anteriormente debatida.


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