Aeroporto das Lajes registou menos 30 escalas técnicas em 2018
2019-07-22 08:58:29 | Lusa
A diretora da Aerogare Civil das Lajes, na ilha Terceira, admitiu que houve uma redução nas escalas técnicas, entre 2017 e 2018, mas rejeitou haver um pedido de uma aeronave A380 para escalar regularmente a infraestrutura.
“Verifica-se alguma diminuição de 2017 para 2018. Em 2017, tivemos 83 escalas técnicas e, em 2018, 53”, adiantou, em declarações à Lusa, Isménia Alves.
A responsável da aerogare falava na sequência de acusações do líder do CDS-PP/Açores, Artur Lima, na quinta-feira, de que o número de escalas técnicas tinha diminuído “drasticamente” desde a certificação para a utilização permanente pela aviação civil.
“A conclusão a que chegamos é que ficou tudo na mesma ou piorou. E piorou relativamente às escalas técnicas. As escalas técnicas diminuíram drasticamente por uma conjunção de esforços da SATA e da Força Aérea que, deliberadamente, não aceitam e recusam escalas técnicas pedidas para as Lajes, que depois têm de derivar para outro aeroporto”, afirmou o líder regional centrista, à margem de uma reunião com a direção da Aerogare Civil das Lajes.
Em 23 de julho de 2018, foi assinado um protocolo para a certificação para a utilização permanente pela aviação civil do Aeroporto Internacional das Lajes, onde estão a Base Aérea n.º 4, da Força Aérea Portuguesa, e o 65th Air Base Group, da Força Aérea norte-americana.
Sem revelar os números de 2019, a diretora da aerogare admitiu que houve uma redução de escalas técnicas entre 2017 e 2018, mas garantiu que a autorização dos pedidos é, desde o processo de certificação, da responsabilidade da aerogare e não da Força Aérea Portuguesa ou da companhia aérea açoriana SATA.
“Nós somos a entidade responsável por responder aos pedidos de autorização. Só em determinadas situações é que temos de contactar a Força Aérea. Se for um avião que a placa C [usada pela aviação civil] comporte, não precisamos de auscultar a Força Aérea”, adiantou.
Quanto às causas da redução das escalas técnicas, Isménia Alves disse que poderá estar ligada à “maior autonomia” das aeronaves e à restrição de ruído noturno, imposta pela Força Aérea, meses antes da certificação.
A utilização da pista da base das Lajes não é permitida entre 00:00 e as 06:00, tal como acontece nas restantes bases militares nacionais, mas o Governo Regional dos Açores já fez um pedido, há vários meses, ao Governo da República para que “abra uma exceção para a aviação civil”, segundo a diretora da aerogare.
O líder regional centrista referiu também, na quinta-feira, que existia uma companhia aérea a aguardar por autorização da Força Aérea para efetuar uma escala frequente nas Lajes.
“Foi pedido por uma companhia aérea – e isto é um escândalo – a operação de um A380 para escalar as Lajes, em escala técnica, de 15 em 15 dias. O pedido foi feito já há muito tempo e a Força Aérea ainda não respondeu. Um A380, o maior avião de passageiros do mundo, para escalar as Lajes, a única pista nos Açores que é possível”, frisou.
Questionada pela Lusa, Isménia Alves explicou que a aerogare “não tem conhecimento de qualquer pedido de escala regular” nas Lajes, admitindo que uma companhia aérea consultou a entidade para saber se era possível operar um A380, mas sem ter “qualquer operação planeada”.
A diretora da aerogare não confirmou se era possível a realização de uma eventual operação deste tipo nas Lajes, mas salientou que o manual do aeródromo prevê que esta aeronave, de classe F, efetue pedidos de autorização com “pelo menos 72 horas de antecedência”.
A Força Aérea Portuguesa já tinha dito, em resposta à Lusa, que a Base Aérea n.º 4 “é um aeródromo de categoria 8 e que a operação da aeronave A380 exige categoria 10”, pelo que não era “possível”.