Guardas prisionais de Angra do Heroísmo fazem vigília contra condições de trabalho
2016-06-02 08:29:13 | Lusa

Os guardas prisionais da cadeia de Angra do Heroísmo participaram ontem, numa vigília à porta da residência do Representante da República para os Açores, para alertarem para a falta de condições de segurança e trabalho.

“Isto resulta quase como um grito de revolta depois destes anos todos de tentarmos, de forma responsável, negociar”, salientou, em declarações aos jornalistas, Jorge Alves, presidente da direção do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional.

Segundo o sindicalista, o novo estabelecimento prisional de Angra do Heroísmo, aberto desde finais de 2013, “nunca funcionou como devia”, quer devido à falta de guardas, quer por problemas de gestão, que recentemente têm gerado “insegurança e instabilidade”.

Segundo o sindicalista, “há cerca de três semanas um recluso agrediu um guarda prisional, que estava sozinho na ala”, porque o guarda não conseguiu cumprir o horário estipulado para o início do período de recreio, face aos novos horários definidos pelo diretor do estabelecimento.

“Acabando o horário de recreio para um grupo de reclusos às 10:15, o mesmo guarda, que tem que fechar aqueles reclusos que acabam o recreio, não consegue abrir o outro grupo de reclusos para começar o recreio às 10:15, portanto já vai abrir passados 10 minutos ou um quarto de hora”, adiantou.

Jorge Alves disse ainda não perceber porque motivo o diretor decide separar os reclusos do mesmo pavilhão em dois grupos para as idas ao recreio, quando na maior parte dos estabelecimentos prisionais do país isso não acontece.

“É capaz de separar os reclusos para o recreio para beneficiarem do espaço a céu aberto e ter só 30 de cada vez e na missa consegue ter 80 reclusos de cada vez, onde está o padre, onde estão visitantes e cidadãos que vêm colaborar na ressocialização dos reclusos e que poderiam, sem apoio, estar sujeitos a alguma violência dos reclusos”, frisou.

Por outro lado, o sindicalista acusou o diretor da cadeia de Angra do Heroísmo de não cumprir o código de execução de penas e medidas preventivas da liberdade ao não permitir que os reclusos comam no refeitório, quando as instalações têm boas condições físicas.

“O estabelecimento tem todas as condições, beneficia de refeitórios novos, que nunca foram usados, porque o senhor diretor entendeu que não precisa e então obriga os guardas a distribuir a refeição aos reclusos nas suas celas e os reclusos acabam por comer onde dormem”, frisou.

Também o bar dos guardas nunca foi aberto, segundo Jorge Alves, porque está situado ao lado do gabinete do diretor e o barulho o “incomoda”, o que leva a que tenham de comer no corredor, numa bancada improvisada.

De acordo com o sindicato, participaram na vigília mais de metade dos guardas prisionais da cadeia de Angra do Heroísmo e foi entregue um documento a alertar para a falta de condições na cadeia ao chefe de gabinete do Representante da República para os Açores, que também já tinha sido enviado ao Diretor-Geral dos Serviços Prisionais e à Secretária de Estado da Justiça.

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