PSD acusa Governo Regional de esconder informações sobre ligação aérea entre Terceira e Madrid
2020-01-10 10:25:38 | Lusa

O PSD/Açores acusou o Governo Regional de esconder informação sobre o concurso para a realização de uma operação 'charter' entre a ilha Terceira e Madrid, alegando que o executivo não respondeu a um requerimento entregue há quatro meses.

"Passados quatro meses, o Governo Regional não respondeu ao referido requerimento, quando tem dois meses para o fazer", adiantou a vice-presidente da bancada parlamentar do PSD nos Açores, Mónica Seidi, citada em comunicado de imprensa, acrescentando que o executivo açoriano "não está interessado em revelar os contornos da operação".

Questionada pela Lusa, fonte oficial da secretaria regional da Energia, Ambiente e Turismo disse que executivo iria responder ao PSD, mas sem avançar com uma data.

“O Governo dos Açores vai, naturalmente, responder ao requerimento do grupo parlamentar do PSD sobre o referido assunto, disponibilizando a informação solicitada no mesmo”, apontou, numa resposta por escrito.

Iniciada em 2015, a ligação semanal entre a ilha Terceira a Madrid (Espanha) era operada pela Portugal Tours, com voos da companhia aérea açoriana Azores Airlines.

A rota foi suspensa em outubro de 2017 e retomada em dezembro do mesmo ano com a companhia aérea Air Europa.

Em outubro de 2018, voltou a ser suspensa, mas a secretária regional com a tutela do Turismo anunciou, em abril de 2019, que a operação seria retomada em outubro desse ano e que os termos do concurso estavam a ser finalizados.

Em setembro de 2019, a um mês de terminar a prazo avançado pelo executivo açoriano, e na sequência de declarações do diretor geral da Portugal Tours em Espanha, que alegava que o concurso apresentava "condições impossíveis para a aviação", o PSD/Açores entregou um requerimento no parlamento açoriano, solicitando a lista de concorrentes admitidos e uma cópia do caderno de encargos do concurso, mas nunca obteve resposta.

Entretanto, o executivo açoriano disse que o concurso público tinha falhado e que iria avançar com um ajuste direto, pelo mesmo valor (1,27 milhões de euros, 975 mil dos quais para a ligação aérea), esperando que a operação fosse retomada até ao final de 2019.

"Posteriormente, [o Governo Regional] tornou o concurso em ajuste direto, mas nem assim a situação ficou resolvida. Já estamos em janeiro, e até agora não se vislumbra solução para esta situação, defraudando assim as expetativas dos empresários terceirenses", salientou Mónica Seidi.

Questionada pela Lusa sobre o ponto de situação do processo, fonte oficial da tutela disse que “estão a ser finalizadas as comunicações aos concorrentes relativamente às deliberações tomadas”, sem avançar com uma data para o início da operação.

Segundo a deputada social-democrata, a operação de Madrid visava "combater a taxa de sazonalidade" e a sua suspensão "teve impactos negativos na economia da Terceira, dados os investimentos efetuados pelos empresários terceirenses".

"Uma vez mais, parece-nos que o Governo não acautelou as condições para que a operação pudesse ser um êxito. E os terceirenses não podem continuar a ser negligenciados pelo executivo regional", frisou.

Na resposta por escrito enviada à Lusa, a secretaria com a tutela do Turismo salientou que em dezembro de 2019 a Terceira beneficiou de “cerca de quatro mil dormidas adicionais provenientes do mercado canadiano”, um acréscimo de 20% em comparação com igual período de 2018.


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