Empresários açorianos querem adiar transição energética e reforçar empresas e digital
2021-02-03 09:46:21 | Lusa
A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada disse, terça-feira, que o Governo Regional deve “adiar a transição energética” na aplicação de fundos comunitários, para “reforçar a resiliência das empresas e até o digital”.
Depois de reunir com o secretário regional do Turismo, Transportes e Energia, o presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna, referiu que “grande parte daquilo que vai ser feito no futuro vai depender muito das verbas europeias”, afirmando que deu a conhecer “algumas sugestões quanto à forma como devem ser acertados”, já que a associação empresarial não concorda “totalmente com a forma como o Plano [de Recuperação e Resiliência] está distribuído”.
Questionado sobre essas sugestões, o representante dos empresários das ilhas de São Miguel e Santa Maria disse ter proposto “que se adie um pouco a transição energética, que não é prioritária neste momento, para reforçar um pouco as outras áreas, como seja a resiliência das empresas e até o digital”.
A associação empresarial já tinha destacado algumas “preocupações extra que são realçadas pela pandemia”, como a “fragilidade a nível da educação” na região, a “fragilidade em termos formativos e a fragilidade digital”.
Para o turismo, Mário Fortuna destacou a importância das “políticas de apoio às empresas, para não cederem perante os problemas com que estão confrontadas, na expectativa de uma retoma”.
“Nessa retoma, vai ser importante desenvolver planos de recuperação ou de relançamento bastante ambiciosos, que têm de ser já preparados e com orçamentos definidos, para que depois não haja situações que atrasem o desenvolvimento do turismo no futuro”, prosseguiu.
Em relação às prioridades apontadas pela associação empresarial, que pretende passar a transição energética para segundo plano, o secretário regional do Turismo, Transportes e Energia, Mário Mota Borges, afirmou que um “reacerto nesse domínio será um assunto feito a nível interno do Governo, com abrangência mais alargada que não apenas da secretaria regional” que tutela.
Na área do turismo, falou-se de “futuro, porque o presente é aquele que conhecemos e o presente apenas serve para arranjarmos formas de nos mantermos vivos, de nos mantermos ativos, de nos mantermos com as estruturas ainda com capacidade”.
O governante destacou ainda os “transportes são extremamente importantes para as ilhas, independentemente de haver turismo ou não”, e que, por outro lado, “não há turismo sem transportes aéreos e não há uma vida nos moldes em que conhecemos sem transportes marítimos eficazes”.
Mota Borges falou da necessidade da “correção de trajetória” da política de transportes nos Açores, sem concretizar, porque, nesta fase, “nem o Plano [e Orçamento da região] está composto e muito menos está aprovado”.
Ainda assim, para os transportes aéreos, referiu que a “correção, de alguma forma, será acertada com o plano de reestruturação [da Sata]”.
“A nível dos transportes de mercadorias, temos no programa do Governo que será feito um estudo alargado sobre o tema e que serão dados passos necessários para criar um mercado interno”, prosseguiu.
Questionado sobre se o novo executivo planeia voltar a suspender a operação sazonal de transportes marítimos no arquipélago, o responsável pela tutela afirmou que, “este ano, padecemos do mesmo problema de que padecíamos o ano passado e que levou à decisão de suspender a linha sazonal” - a pandemia de covid-19.
O governante lembrou, no entanto, que, no programa do Governo, consta uma proposta de “reduzir o preço dos voos, que substitui, em termos de mobilidade, as pretensões daqueles que querem visitar as ilhas”.