Pouca adesão ao registo online de águas-vivas e caravelas nos Açores
2016-07-20 09:12:04 | Lusa
Um ano após a sua criação, o registo online de águas-vivas e caravelas nos Açores não tem contado com uma grande colaboração da população, segundo disse um dos responsáveis, apelando a uma maior intervenção no projeto.
"No ano passado houve uma grande colaboração da população, mas em menor número este ano, também porque o projeto não foi tão divulgado. Acreditamos que ainda vamos contar com mais registos ao longo da época balnear", afirmou o biólogo Carlos Moura à agência Lusa, explicando que sempre que é detetada a presença destes organismos é colocada uma bandeira, nas zonas balneares, a alertar os banhistas.
Este projeto arrancou em junho de 2015 e, até agora, já foram contabilizados um total de 156 registos, essencialmente nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, as mais populosas, de acordo com o biólogo.
Segundo Carlos Moura, a predominância dos registos feita na página referem-se a águas-vivas, seguindo-se caravelas e ainda Velellas (parecidas com as caravelas, mas de menor dimensão e menos perigosas).
A Universidade dos Açores lançou há cerca de um ano uma página online (www.medusa.uac.pt) para o registo do aparecimento de águas-vivas (alforrecas) e caravelas nas ilhas, um projeto para estudar esses organismos e tentar perceber porque existem alturas do ano em que há uma maior concentração do que noutras.
"Estamos essencialmente a tentar obter estes registos para depois tentarmos perceber se existe algum padrão. Saber se estão a aumentar ou não ao longo dos anos e, posteriormente, colaborar com medidas de mitigação destes animais", declarou, admitindo que uma maior concentração destes organismos possa estar relacionada com "diversos fatores".
Segundo explicou, o projeto está a tentar criar um ponto de comparação para, futuramente, tentar perceber se aumentou ou diminuiu este fenómeno, mas o biólogo disse que há que ter em consideração que "o uso balnear tem sido maior nas últimas décadas".
Contudo, "se existe essa perceção de uma maior concentração de águas-vivas em zonas balneares açorianas, também é preciso ver que há um declínio dos predadores naturais, como atuns e tartarugas, que se alimentam destes animais, além da eutrofização das águas", explicou.
"Contamos com os registos do público através do ‘site’ e dos nadadores-salvadores. Mas temos planeado avançar com monitorizações mais frequentes ao longo do ano para percebermos as dinâmicas destes organismos", sublinhou, apelando aos cidadãos para que quando detetarem nas zonas balneares águas-vivas e caravelas portuguesas façam o registo online na respetiva página, introduzindo também fotografias.
Esta investigação do Departamento de Oceanografia e Pescas, em parceria com o Instituto do Mar, está a ser coordenada pelos biólogos marinhos Carlos Moura e João Gonçalves e pela oceanógrafa Ana Martins.
Com este projeto pretende-se também auxiliar as políticas de gestão pesqueiras e medidas de proteção de costa para atividades marítimo-turísticas.