O BE/Terceira defendeu o alargamento de circuitos e horários e a redução dos preços dos transportes coletivos de passageiros em Angra do Heroísmo, acusando o presidente do município de privilegiar a circulação de carros na cidade.

“O novo modelo que vai ser apresentado pela câmara [municipal] relativamente à mobilidade em Angra do Heroísmo será um modelo que continua a apostar num centro histórico da cidade repleto de automóveis. Álamo Meneses [presidente do município] mais uma vez decide privilegiar uma cidade cheia de carros do que ter a coragem política para fazer o contrário”, afirmou, em declarações aos jornalistas, a coordenadora do BE/Terceira, nos Açores, Alexandra Manes.

A dirigente bloquista visitou, quarta-feira, o novo terminal de passageiros de transportes públicos terrestres de Angra do Heroísmo, obra que disse ser “há muitos anos necessária” e reivindicada pelo partido.

No entanto, para Alexandra Manes este investimento “não é suficiente” para incentivar o uso de transportes públicos, que levaria a uma redução de carros no centro histórico de Angra do Heroísmo, classificado como Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

“Esta medida tinha de ser acompanhada de outras medidas políticas que apelassem ao transporte coletivo de passageiros, porque este sim tira o aglomerado de pessoas [da cidade]”, frisou.

Segundo a coordenadora do BE/Terceira, o autarca de Angra do Heroísmo quer retirar os autocarros da cidade, concentrando-os no novo terminal de passageiros.

“Não é isso que deve ser feito. Deve ser feito exatamente o caminho oposto, começar por diminuir o tráfego dentro da cidade, que por vezes se torna caótico. Se o trânsito é caótico no centro da cidade, não é devido aos autocarros, mas devido ao número excessivo de viaturas que por lá andam todo o dia”, afirmou.

Alexandra Manes apelou ao presidente do município de Angra do Heroísmo para que siga o exemplo de cidades europeias que apostaram no transporte público, alegando que os resultados são positivos.

“Imensas cidades europeias já deram um sinal de como é feito. É exatamente privilegiando o transporte público, dando mais acessibilidades, promovendo estes transportes públicos, caminhando no sentido gratuito do transporte público”, salientou.

“Álamo [Meneses] fica fora desta corrida. Fica-lhe muito mal uma vez que foi secretário do Ambiente e nessa altura defendia isso”, acrescentou.

A dirigente do BE defendeu a criação de “mais parques de estacionamento” em Angra do Heroísmo, uma “maior abrangência de circuito” do transporte coletivo de passageiros na ilha Terceira e o “alargamento dos horários”, já que só há autocarros até às 19:00.

“Muitas pessoas sentem-se na obrigação de comprar um automóvel, de ir de táxi ou de recusar trabalhos por não terem disponibilidade de transporte público”, alertou.

Alexandra Manes reivindicou ainda a gratuitidade dos ‘mini-bus’ em Angra do Heroísmo e a redução do preço dos autocarros que ligam as diferentes freguesias da ilha Terceira, lembrando que o BE propôs recentemente a criação de um passe com um custo máximo de nove euros nos Açores.