BE/Açores acusa Governo Regional de estar a conduzir a SATA para "beco sem saída"
2024-09-24 10:53:35 | Lusa
O BE/Açores acusou o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) de estar a conduzir a SATA para "um beco sem saída", considerando que os resultados do grupo de aviação "demonstram o falhanço da estratégia" do executivo.
Em comunicado de imprensa, o BE refere que os últimos resultados semestrais do grupo, revelados na sexta-feira, "são a demonstração do falhanço da estratégia" do Governo Regional para a SATA, que "tinha como um dos seus grandes objetivos privatizar" a Azores Airlines.
"A coberto do lema 'salvar a SATA' o Governo Regional está a levar a SATA a um beco sem saída, após 453 ME [milhões de euros] de ajudas públicas à companhia, o Governo de Bolieiro desbaratou essa oportunidade de efetivamente levar a SATA a um caminho de sustentabilidade", aponta o partido.
O BE recorda que alertou por diversas vezes para o facto de o plano de negócios da SATA aprovado pela Comissão Europeia, "e proposto pela região, estar a falhar".
O Bloco critica ainda o Governo Regional de direita, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, por durante anos ter celebrado, em conjunto com a administração da empresa, os "alegados bons resultados da SATA, chegando até a martelar as contas da companhia para disfarçar elevados prejuízos com o registo de 19,2 ME de impostos diferidos em 2022".
"Se já era pouco ou nada credível que a SATA teria lucros a curto prazo, com os dados atuais, fica claro o caminho insustentável que a SATA leva com a direita ao leme", acusa o Bloco, referindo que, "no âmbito do plano de negócios que o Governo de Bolieiro aprovou, incluiu-se um danoso empréstimo obrigacionista de 60 ME que, em seis meses, custou 6 ME ".
Para o BE, a companhia de aviação açoriana está "ainda mais" num "beco sem saída", tendo em conta "os elevados prejuízos registados no primeiro semestre da SATA Air Açores", que assegura as ligações entre as nove ilhas dos Açores.
A SATA Air Açores "apenas presta serviço público ao abrigo de contrato de obrigações de serviço público, contrato que deveria garantir a sustentabilidade da operação", acrescenta.
Em comunicado divulgado na sexta-feira, a SATA indicou que se manteve uma trajetória de crescimento de receitas no primeiro semestre do ano, embora os custos operacionais tenham condicionado o desempenho operacional e financeiro nesse período.
“O crescimento contínuo das receitas mantém-se em 2024, atingindo cerca de 180 milhões de euros, o que representa um aumento de cerca 32 milhões de euros (+22%) quando comparado com o período homólogo de 2023”, indicou a empresa aérea da Região Autónoma dos Açores.
No entanto, de acordo com a empresa, “a pressão sobre os custos fez recuar o EBITDA [resultado operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] para 6,5 milhões negativos, em comparação aos 3,6 milhões de euros positivos verificados no primeiro semestre de 2023”.
“O resultado líquido do Grupo SATA foi afetado pela pressão provocada pelo aumento dos custos operacionais, bem como nos gastos financeiros, fixando-se nos 45 milhões negativos”, segundo a empresa.