Câmara do Comércio de Angra defende “privatização imediata” da Azores Airlines
2025-07-18 09:14:23 | Lusa
A Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) defendeu a “privatização imediata” da Azores Airlines, como “condição essencial para a sua viabilidade”, após ter conhecimento das rotas deficitárias da companhia aérea açoriana.
A Azores Airlines registou prejuízos em dez rotas que contribuíram para os resultados negativos da SATA, revelou na quarta-feira o Governo Regional, defendendo que as contas do grupo em 2024 “foram impactadas por fatores extraordinários”.
Em resposta a um requerimento do Chega, consultado pela agência Lusa, o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) indica as rotas Funchal/Boston, Funchal/Toronto, Funchal/Nova Iorque, Porto/Boston, Porto/Toronto, Porto/Nova Iorque e Ponta Delgada/Londres como deficitárias.
O executivo açoriano revela, também, que as operações Terceira/Nova Iorque, Terceira/Boston e Ponta Delgada/Milão tiveram impacto nos prejuízos da SATA em 2024 ao apresentarem resultados negativos durante o inverno.
Perante este cenário, em comunicado, a CCIAH voltou a defender, “convictamente, a privatização imediata da Azores Airlines, enquanto condição essencial para a sua viabilidade”.
“Durante demasiados anos, a empresa sofreu com decisões orientadas por critérios políticos e não de gestão empresarial, dando prioridade a rotas que agora se comprova serem claramente desequilibradas do ponto de vista financeiro”, argumenta a direção.
A SATA “precisa urgentemente de uma gestão privada, profissional e orientada por critérios de eficiência económica, que garanta a sua sustentabilidade e a qualidade da conectividade aérea dos Açores com o exterior”.
Na nota, a CCIAH exorta a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, a prestar esclarecimentos adicionais sobre a rentabilidade das rotas aéreas operadas a partir da ilha Terceira, com especial foco nas ligações aos Estados Unidos da América.
“A resposta oficial, conhecida ontem [quarta-feira], indica que as rotas Terceira-Nova Iorque-Terceira e Terceira-Boston-Terceira apresentaram resultados negativos durante o inverno, o que levanta uma questão essencial: não têm essas rotas desempenho positivo durante o verão?”, questiona.
A organização solicita a divulgação da taxa de ocupação registada no inverno para todas as rotas operadas pela Azores Airlines, para “uma análise mais rigorosa, objetiva e transparente da sua viabilidade”, alertando que “não se devem tirar conclusões precipitadas apenas com base na época baixa”.
A direção da associação empresarial refere ainda que a divulgação oficial confirma a justiça do seu pedido, feito em outubro de 2024 à Assembleia Legislativa Regional, para a criação de uma comissão de inquérito às rotas deficitárias da Azores Airlines.
As duas companhias aéreas do grupo SATA, a Azores Airlines e a SATA Air Açores, fecharam 2024 com um prejuízo acumulado de 82,8 milhões de euros, mais do dobro do ano anterior, segundo dados divulgados pela empresa em 08 de junho.
Na resposta submetida à Assembleia Legislativa, o Governo Regional aponta o aluguer de aeronaves com tripulação (ACMI), a revisão dos acordos de empresa (que causou um acréscimo de custos de 10 milhões de euros) e a decisão judicial que obrigou a uma indemnização de 6,4 milhões de euros devido ao Airbus A330 conhecido por “Cachalote”, como justificações para o resultado do grupo.
O aumento dos custos de manutenção, das depreciações e das amortizações, além das imparidades, são apresentados também como explicações para o prejuízo do grupo, que até reforçou o número de voos e de passageiros em 2024.
Segundo a informação disponibilizada, as “rotas que apresentam uma melhor performance financeira” são as de Ponta Delgada e Terceira para Lisboa e Porto, e de Ponta Delgada para Boston, Toronto, Montreal, Bilbau e Frankfurt.