Governo dos Açores defende "corredor marítimo" para a pesca do atum
2017-01-26 08:04:00 | Lusa
O secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores defendeu, junto da ministra do Mar, a criação de “corredores marítimos” que impeçam a colocação de dispositivos de concentração do atum longe das águas dos Açores.
“Embora não se saiba, do ponto de vista científico, se isto afeta ou não as capturas de atum nos Açores, sugerimos que o país pudesse defender a criação de corredores marítimos onde os dispositivos de concentração não pudessem ser colocados”, declarou Gui Menezes, à agência Lusa, no final da reunião com Ana Paula Vitorino, em Lisboa.
Nos Açores existe uma significativa frota que se dedica à pesca do atum, que é transformado localmente por várias indústrias locais, criando milhares de postos de trabalho no setor piscatório e unidades fabris, e gerando as exportações mais representativas da região.
O responsável pelas pescas nos Açores considerou que “vale a pena tentar” junto da ICCAT (Comissão Internacional de Conservação do Atum no Atlântico) e da Comissão Europeia esta solução, para permitir uma “migração mais livre” do atum do sul para norte.
Gui Menezes recordou que se tem verificado nos Açores safras de atum “muito fracas nos últimos anos, admitindo que existem “questões ambientais” ligadas à migração do atum.
Mas salvaguarda, contudo, que “pode existir algum efeito do número exagerado” de dispositivos de concentração de atum no Golfo da Guiné.
O governante referiu que foi acordado, por outro lado, com a ministra Ana Paula Vitorino, por sugestão dos Açores, que as quotas de pesca que são exploradas em comum pelo país e pela região fossem alvo de uma “troca de informação mais atempada” sobre o seu consumo.
“Em particular no caso do alfonsim, foi aceite pela ministra do Mar que a quota dessa espécie pudesse ser dividida entre os Açores e o continente. Pesca-se na região cerca de 80% dessa espécie no país e pretende-se gerir a parte da quota da região, visando aumentar o equilíbrio e a eficiência da gestão”, disse.
Na sequência do encontro, Gui Menezes revelou ainda que vai ser criada, “em breve”, uma comissão instaladora do Centro de Observação Oceânica que terá como missão “iniciar o trabalho de avaliação, funcionamento e áreas estratégicas de estudo”, bem como promovê-lo em termos nacionais e internacionais.
Gui Menezes reuniu, também em Lisboa, com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, tendo sido anunciada a realização de uma reunião na região sobre a criação do AIR Center (Centro de Investigação Internacional dos Açores), prevista para o mês de abril, e que contará com a participação de vários países.
Citado pelo gabinete de imprensa do Governo dos Açores, Gui Menezes disse que a reunião contará com a presença de vários países, como o Brasil, Cabo Verde, Inglaterra e Espanha, sendo assinado o memorando de entendimento sobre a criação do AIR Center.