Promotores de aquário em Ponta Delgada abdicam de projeto se não encontrarem parceiros
2017-02-08 09:25:00 | Lusa
Os promotores da construção de um aquário de grandes dimensões no porto de Ponta Delgada, anunciaram que abdicam do projeto se não encontrarem parceiros e rejeitaram uma possível deslocalização do investimento.
“O fundamental é que as reuniões que nós temos estado a ter com [eventuais] parceiros cheguem a avante e que possamos apresentar um projeto credível. Caso isso não aconteça, nós não avançaremos”, afirmou aos jornalistas Tiago Raiano, administrador da Newtour, após ser ouvido na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
A comissão esteve ontem reunida para audições relativas à petição contra a construção do “Azores Aquarium” no porto de Ponta Delgada, um investimento de 15,5 milhões de euros que prevê gerar 30 postos de trabalho e receber 200 mil visitantes por ano.
O projeto foi anunciado em fevereiro do ano passado e, no mês seguinte, cerca de mil pessoas assinaram uma petição ‘on-line’ contra o aquário, por considerarem que se trata de um projeto que vai contra o modelo turístico dos Açores e o urbanismo da cidade.
“Quando encontrarmos os parceiros que são para nós credíveis, apresentaremos os projetos nas entidades próprias e iniciaremos um debate público a nível local e regional”, garantiu Tiago Raiano, frisando que os promotores não acreditam num projeto destes que “não tenha uma lógica integradora daquilo que é a sociedade civil”, incluindo Universidade dos Açores e outras instituições.
O responsável salientou que a localização do aquário no porto tem subjacente “um conjunto de pressupostos” relacionados com a viabilidade económica.
“Se fizermos aquela obra fora do porto de Ponta Delgada o custo dispara no mínimo em três vezes, já para não falar dos imponderáveis climatéricos”, declarou, referindo que o espaço para onde se projeta o investimento respeita a “manobrabilidade do porto” e das construções na envolvente, como o Forte de São Brás.
Aos deputados, Tiago Raiano sustentou que os promotores não estão confortáveis com uma localização que não seja aquela, assinalando que o aquário “necessita de proteção do molhe”, mas também “de beneficiar dos fluxos turísticos da cidade e do turismo de cruzeiros”.
Por outro lado, o administrador apontou que o projeto tem enquadramento na estratégia turística regional, sendo que complementa a oferta, acrescenta qualidade e é mais um fator de atratividade.
“Não vamos fazer um mega aquário que não esteja adequado à nossa realidade”, comentou, argumentando que “a região devia ter um equipamento desta natureza”, cujos objetivos passam, também, pela conservação da natureza e educacionais.
Pela Comissão de Economia, onde metade dos deputados é do PS, partido que tem a maioria no parlamento açoriano, passou também o presidente da Câmara de Ponta Delgada, o social-democrata José Manuel Bolieiro.
O autarca referiu que “um investimento na área do turismo para Ponta Delgada é que é uma boa notícia, um não investimento não".
"Mas também não podemos patrocinar aquilo que adultere a imagem de marca dos Açores como destino turístico, aquilo que adultere uma boa gestão do espaço público e uma estratégia de gestão portuária e de gestão urbanística” da cidade, declarou José Manuel Bolieiro, adiantando que uma “apreciação em concreto só quando o projeto estiver materializado”.
Por seu turno, a secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro, considerou que “o estudo de impacto ambiental é uma ferramenta muito importante” na decisão, mas é necessário ter “um projeto final fechado” para a tutela se pronunciar.