Governo dos Açores diz que aumento do preço do leite é sinal positivo da indústria.
2017-08-25 09:03:13 | Lusa
O secretário regional da Agricultura e Florestas dos Açores manifestou o desejo de que o aumento do preço do litro de leite fosse superior ao anunciado pela indústria, salientando, contudo, que o valor é “um sinal positivo”.
“O Governo [Regional] não decreta os aumentos do preço do leite, agora aquilo que o Governo tem feito é um trabalho de proximidade com as indústrias”, afirmou João Ponte, à margem da visita à fábrica de chá Gorreana, no concelho da Ribeira Grande, referindo que ainda na semana passada reuniu com responsáveis de duas unidades de São Miguel.
Segundo João Ponte, no acompanhamento desta matéria “havia indícios fortes para que houvesse condições para a subida do leite e isso foi anunciado por todas as indústrias”.
“Temos de ver isso, também, por uma perspetiva positiva. Naturalmente, eu percebo que os agricultores queriam que o valor da subida fosse outro, o Governo também desejaria, pois ficaríamos com um setor mais forte e mais bem preparado para os desafios do futuro”, declarou, salientando que lhe foi transmitido pelas indústrias que foi feito o que era possível fazer neste momento.
O secretário regional destacou, também, que há neste processo “um sinal positivo”.
“Uma indústria, quando toma uma decisão de aumentar um cêntimo o preço do litro do leite tem perspetivas positivas em relação àquilo que é a evolução dos mercados nos próximos tempos”, referiu, considerando que a situação “dá algum conforto para que, num futuro próximo, haja condições, se os mercados o permitirem, para que se continue a aproximar o preço do leite em relação à Europa e ao continente”.
João Ponte esclareceu que o preço do litro de leite dos Açores face ao continente português tem uma diferença “de 2,6 cêntimos” e em relação à Europa de cerca de sete cêntimos.
“Há aqui um caminho que vai ter de se fazer, agora o que é preciso também perceber é que, cada vez que aumenta um cêntimo, num ano representa a entrada no setor de seis milhões de euros”, disse, reconhecendo ser verdade que “ao longo dos anos também se perdeu muitos cêntimos”.
João Ponte acrescentou que as indústrias lhe têm transmitido que “os mercados estão a reagir, mas não estão neste momento a gerar as mais-valias suficientes para fazer aumentos naquilo que são as expectativas do setor e que são legítimas”.
Na quarta-feira, o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, disse à Lusa que a Unileite vai aumentar em um cêntimo o preço do litro de leite à produção a partir de 01 de setembro, um valor que causou “desânimo e tristeza” nos produtores.
Segundo Jorge Rita, a empresa “está a igualar a subida dos outros”, concretamente da Bel, da Prolac e da Insulac. Já na ilha Terceira, a Pronicol subiu o preço do litro de leite pago ao produtor em dois cêntimos.
“Como representante dos produtores, daquilo que eles me vêm comunicando ao longo de algum tempo, penso que as expectativas foram goradas, porque todos nós esperávamos que da parte da Unileite o aumento fosse superior àquilo que as outras indústrias estão a fazer”, adiantou.
O presidente da Federação Agrícola considerou, por outro lado, que o Governo Regional “não pode continuar a assobiar para o lado nestas situações”, reiterando que os Açores têm “o melhor leite do mundo e o mais mal pago da Europa”.