"A Vida no Campo" de Joel Neto e o “luxo da simplicidade” em cena em Famalicão
2019-03-09 10:06:47 | Lusa
Uma adaptação teatral do diário "A Vida no Campo", de Joel Neto, estreia-se a 21 de março, na Casa das Artes de Famalicão, com textos que têm “o luxo da simplicidade”, afirmou a encenadora Luísa Pinto.
Um casal que vem da cidade, uma casa nos Açores e uma tentativa de recomeço numa zona rural são os temas centrais da peça "A Vida no Campo", uma adaptação do livro homónimo de Joel Neto, autor de romances como "Arquipélago" e "Meridiano 28", textos que são um “hino aos Açores”, disse Luísa Pinto à agência Lusa.
“Apaixonei-me pela escrita de Joel Neto no livro ‘Arquipélago’. E, a seguir, foi lançado o diário ‘A Vida no Campo’ e tive imensa vontade de o pôr em cena e de dar voz a esta forma como ele escreve: o luxo da simplicidade. Desafiei o Joel e ele aceitou”, explicou hoje a encenadora da coprodução da Narrativensaio-AC e da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.
Com interpretações de António Durães, Filipa Guedes e participação especial, como narrador da peça, do jornalista Fernando Alves, "A Vida no Campo" é a história de uma crise conjugal num cenário bucólico. “A peça descreve um lugar tranquilo e de regresso às nossas origens, à terra, e ‘A vida no Campo’ será, também, divertida porque explica o quotidiano de muitas vidas de casais”, disse Luísa Pinto.
A adaptação do texto é da autoria de Joel Neto e Catarina Ferreira de Almeida, autores da peça sobre a oposição entre a vida urbana e a vida rural, com uma “homenagem às ilhas e aos Açores, mas também, curiosamente, às cidades [portuguesas]”, referiu a encenadora.
Luísa Pinto avança que a produção não ficará só em Vila Nova de Famalicão (nos dias 21, 22 e 23 de março) e irá a cena no dia 11 de abril, no Cine Teatro Avenida, em Castelo Branco, a 13 de abril no Teatro Municipal em Bragança e a 26 e 27 de abril, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada.
O elenco vai deslocar-se, também, ao cenário onde se desenrola o enredo, com data marcada nos Açores, a 04 de maio, no Auditório do Ramo Grande, na Ilha Terceira, e a 11 de maio, no Teatro Micaelense, na Ilha de S. Miguel. “Vamos fazer uma aposta na descentralização do teatro e vamos levar a peça aos lugares onde a história foi criada”, disse.
“O projeto é emotivo e de partilha porque convida a olhar a paisagem e o mundo à nossa volta, no meio desta corrida da sociedade contemporânea, com grandes apelos sonoros e visuais sobre as vidas em locais inóspitos”, afirmou a encenadora de uma peça com vários recursos a sonoplastia: “vamos levar o público até à água e aos bichos”.
A peça é a quarta coprodução entre a Narrativensaio-AC e a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, um projeto que foi pensado para ter “um grande impacto do ponto de vista plástico” com textos que “privilegiam a escrita em português”, apontou.
“A linguagem da peça é diferente porque se trata de uma adaptação de uma obra que foi pensada só para literatura e, mais tarde, o Joel Neto voltou a pensar no texto para ser dito em palco”, explicou à Lusa António Durães, ator de "A Vida no Campo".
Num cenário que oscila entre uma casa e uma área exterior, “há universos espelhados por vários espaços com episódios da vida quotidiana não urbana” e os atores serão acompanhados por “vídeos que reportam as histórias e que as potenciam”, referiu Durães.
“O casal atravessa uma crise. E um deles está preso e o outro é completamente livre numa ilha”, numa peça que retrata “o exílio e o regresso a um sítio que é querido e familiar”, esclareceu o ator.