PSD/Açores preocupado com a redução "significativa" de professores colocados
2020-09-02 10:08:04 | Lusa
O PSD/Açores disse hoje estar preocupado com a “redução significativa” do número de professores colocados na região, salientando que “não é possível” promover o sucesso escolar “reduzindo o número” de docentes.
Segundo a número três da lista do partido candidata às próximas eleições regionais pelo círculo de São Miguel, Sofia Ribeiro, a “redução significativa da colocação de professores”, seja em regime de afetação, seja de contratação, é umas das “grandes preocupações” dos sociais-democratas.
“Não é possível promovermos o sucesso escolar na região reduzindo o número de professores”, declarou à agência Lusa.
Sofia Ribeiro falava terça-feira, em Ponta Delgada, após uma reunião com o Sindicato Democrático dos Professores dos Açores.
A antiga eurodeputada referiu que existe uma redução superior a 10% no número de docentes colocados na região e salientou que os Açores estão na “cauda do país e da Europa no que concerne aos rácios na educação”.
Sofia Ribeiro também recordou o “ano especial” devido à covid-19, destacando ser necessário aferir “em que ponto de situação” está a educação dos alunos, após parte do ano letivo passado ter sido lecionado à distância.
A candidata do PSD/Açores, professora de profissão, acrescentou que no continente, o Ministério da Educação, liderado por Tiago Brandão Rodrigues, aumentou a colocação de professores face à pandemia da covid-19.
“O ministro da Educação anunciou que vai colocar mais 2.500 professores face à situação de pandemia. Nós aqui na região estamos a fazer o percurso contrário e estamos a reduzir”, declarou.
Sofia Ribeiro alertou para a “situação desumana” que se tem verificado na região no que diz respeito ao “recurso sucessivo a professores contratados, violando uma diretiva europeia”.
“Hoje, temos professores nos Açores, com oito, nove, dez anos de serviço e que no dia 02 estão desempregados, fruto desta redução [do número de colocações]. É preciso inverter rapidamente esta situação se queremos ter sucesso educativo”, afirmou.
A social-democrata também referiu existir uma “grande indefinição” relativamente às condições de funcionamento das escolas devido à covid-19, dando o exemplo das aulas de Educação Física, cujos “professores não sabem em que condições vão trabalhar”.
O presidente do Sindicato Democrático dos Professores dos Açores, Ricardo Batista, disse ser preocupante, nesta altura, as diretrizes da Autoridade de Saúde sobre o funcionamento das escolas “serem poucas ou nenhumas”.
O sindicalista referiu que a redução do número de professores acarreta “dificuldades acrescidas” para a escola e para os alunos, criticando “o mesmo drama de sempre” vivido por muitos professores antes do início de cada ano letivo a propósito das colocações.
“O que seriamente nos preocupa é a confusão que a tutela faz passar frequentemente do que são necessidades permanentes e do que são necessidades transitórias”, afirmou.
Este ano foram colocados 435 professores nos Açores, enquanto no ano letivo passado foram colocados 490.
Segundo dados da Pordata, referentes a 2019, os Açores têm a taxa de abandono escolar precoce mais elevada do país (27%), quando a média nacional se situa nos 10,6%.