Esgotada última possibilidade para uma “boa solução”
2016-03-23 09:13:00 | Lusa

O presidente do Governo dos Açores considerou que está esgotada a última possibilidade para uma “boa solução” para a base das Lajes, ao comentar o relatório que afasta a hipótese de receber um centro de informações ou outro uso.

“Julgo que esgotou-se a última possibilidade de dentro do atual quadro do acordo de cooperação e defesa [com os Estados Unidos] podermos ter uma boa solução ou uma solução satisfatória para esta questão”, afirmou Vasco Cordeiro em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, classificando esta como uma “má notícia” que “não corresponde” àquilo que o executivo açoriano esperava.

Para o presidente do Governo Regional, “não resta outra alternativa senão desencadear um processo de revisão do acordo de cooperação e defesa”, assim como dos acordos técnico e laboral, considerando que “os pressupostos que presidiram à celebração do acordo naquilo que tem a ver com a presença norte-americana são completamente diferentes”, além de que a forma como este processo decorreu “também não honra o espírito desse acordo”.

Segundo informação do Pentágono, o Departamento de Defesa dos EUA entregou na segunda-feira ao Congresso um relatório que afasta a hipótese de a base das Lajes receber um centro de informações, que está planeado para o Reino Unido, ou qualquer outro uso alternativo, confirmou o Pentágono.

"A base Aérea de Croughton, no Reino Unido, continua a localização ótima para o Complexo de Análise de Informação Conjunta. Com base em requisitos operacionais, as Lajes não são a localização ideal", disse um porta-voz do Pentágono à agência Lusa.

A mesma fonte garantiu que "dados os requisitos operacionais das missões atuais, neste momento não existem usos alternativos para as Lajes."

Em 1995, Portugal e os EUA assinaram, em Lisboa, o acordo de cooperação e defesa, que inclui, além deste acordo, também o acordo técnico, que regulamenta a utilização da base das Lajes e outras instalações militares portuguesas, e o acordo laboral, que regula a contratação de trabalhadores nacionais na base açoriana e a ata final.

O acordo criou a comissão bilateral permanente, que ficou incumbida de promover a sua execução e a cooperação entre os dois países, reunindo-se semestralmente, de forma alternada em Lisboa e Washington. O próximo encontro é em maio, em Washington; o último foi na ilha Terceira, em dezembro.

A 08 de janeiro de 2015, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, anunciou uma redução de 500 militares na base das Lajes, na ilha Terceira, Açores.

Por outro lado, o presidente do Governo Regional defendeu que esta situação “abre caminho” a que Portugal demonstre que “não pode ser tratado desta forma”.

“Naturalmente que Portugal continua a comungar com os Estados Unidos de um conjunto de valores e de interesses, até podemos continuar como amigos e aliados, mas se calhar já o fomos mais”, acrescentou, sublinhando que a forma como este assunto foi conduzido, “sendo sucessivamente desperdiçadas da parte dos Estados Unidos sucessivas oportunidades de conformar esta decisão no sentido de poder ter uma boa solução, leva a esta conclusão”.

À pergunta se ficou desapontado com este relatório, Vasco Cordeiro garantiu que tudo o que fez neste processo “foi na convicção de que estava a defender os interesses dos Açores, os interesses da ilha Terceira”, declarando-se de “consciência tranquila, mas não descansado”, porque “ainda há um longo caminho".

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