Azores Airlines vai concentrar atividade nas ligações ao continente e à diáspora
2025-12-19 08:57:16 | Lusa

A companhia aérea Azores Airlines, do Grupo SATA, vai concentrar a sua operação, em 2026, nas ligações dos Açores ao continente e à diáspora, que são as rotas mais rentáveis, revelou o novo presidente do conselho de administração.

“Como temos aeronaves escassas e recursos humanos escassos, não nos podemos dar ao luxo de os afetar a rotas não lucrativas e que nada têm a ver com a missão Açores”, adiantou o presidente indigitado do conselho de administração da SATA Holding, Tiago Santos, numa audição na Comissão de Economia do parlamento açoriano, em Angra do Heroísmo.

Segundo Tiago Santos, em 2026 estão previstos “ajustamentos de algumas rotas” e “algumas reduções de frequências”.

“Estão a ser concluídos os planos de exploração para garantir que temos uma operação o mais rentável possível”, apontou.

Questionado pelo Chega sobre as rotas deficitárias da companhia aérea (responsável pelas ligações de e para fora do arquipélago), Tiago Santos, que é desde julho de 2024 diretor financeiro do Grupo SATA, disse que houve desde essa altura uma preocupação com a otimização dos percursos, tendo sido canceladas várias que eram deficitárias.

“Londres é o caso mais evidente. Tínhamos um conjunto de rotas que não estavam a ter o retorno necessário e tomámos a decisão corajosa de cancelar essas rotas”, salientou.

O representante revelou que as rotas com “melhor desempenho” são as que ligam os Açores ao continente e à América do Norte.

“Vamos concentrar a atividade na ligação ao continente e à diáspora açoriana”, reforçou.

Os recursos da companhia são escassos e no próximo ano serão ainda mais reduzidos.

“Em 2024, a operação da Azores Airlines foi feita com 10 aviões próprios e três ACMI [aeronave, tripulação, manutenção e seguro]. A operação de 2026 vai ser feita com nove aviões. Temos menos um avião e estamos a planear não ter qualquer ACMI”, adiantou Tiago Santos.

Questionado pelo PS sobre a renovação da frota da companhia SATA Air Açores, que assegura as ligações dentro do arquipélago, o presidente do conselho de administração admitiu a necessidade de renovar as aeronaves Q-200, mas disse que “não há no mercado uma aeronave que faça o que os Q-200 fazem”.

“A ideia será estender o período de vida dos Q-200, garantindo que temos tempo suficiente para o mercado oferecer as aeronaves que estão em conceção e desenvolvimento para garantir que esta falha de mercado é corrigida. Antecipamos que vá acontecer nos próximos cinco a seis anos”, revelou.

Em resposta a uma questão do PS sobre se as empresas do grupo deviam ter conselhos de administração diferentes, Tiago Santos alegou que “poderá ser uma decisão certa”, mas não é “o momento certo, por razões financeiras e de organização”.

O novo presidente do grupo público açoriano assumiu como compromissos cumprir o plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia, incluindo a privatização da Azores Airlines e da unidade ‘handling’ (serviços de suporte em solo), e continuar a implementar o plano de sustentabilidade financeira.

Deixou ainda uma garantia aos trabalhadores de estabilidade para o futuro, reconhecendo que os últimos anos têm sido de instabilidade, incerteza e exposição pública permanente.

“É fundamental robustecer o trabalho de maior proximidade e de articulação com as comissões de trabalhadores e os diferentes sindicatos. A comunicação tem de melhorar e os canais de diálogo e confiança têm de ser estreitados”, defendeu.

Tiago Santos considerou ainda um desafio manter a confiança dos fornecedores, “apesar das notícias sobre a SATA, nem sempre positivas e nem sempre verdadeiras”.

O novo presidente do conselho de administração substitui, em janeiro, Rui Coutinho, que pediu a demissão do cargo, invocando razões profissionais.

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