Pilotos dizem que confidencialidade "impede negociação" na SATA com Newtour/MS Aviation
2025-10-30 08:10:00 | Lusa

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) considerou que a “classificação de confidencialidade” sobre dados relativos à gestão da SATA “impede uma negociação informada” com o consórcio Newtour/MS Aviation sobre a privatização da Azores Airlines.

Após uma reunião com o consórcio Newtour/MS Aviation, na terça-feira, o SPAC refere que “mantém-se o bloqueio, por parte da SATA Holding, ao acesso a informação essencial como o número de pilotos acionados em dias de férias ou folga, os custos globais dessas ativações e o custo agregado dos pilotos em funções de formação, treino e verificação”.

“O SPAC contesta que tais dados, relativos à gestão corrente da empresa, estejam à guarda de uma classificação de ‘confidencialidade’ que impede uma negociação informada”, é referido em comunicado.

Frederico Saraiva de Almeida, vice-presidente do SPAC, citado na nota de imprensa, considerou que “negociar sem números é negociar às cegas”, salvaguardando que não se pedem “segredos industriais”, mas “contabilidade de gestão”.

De acordo com o dirigente sindical, a “opacidade prolongada apenas fragiliza a empresa e o processo".

"A forma séria de avançar é simples: desclassificar e disponibilizar os dados essenciais", sublinhou o vice-presidente do SPAC.

O sindicato considera que a “falta de transparência pode comprometer o próprio processo de privatização da Azores Airlines”, sob pena de “encerramento da companhia", como "tem vindo a ser admitido publicamente”.

Segundo o SPAC, o “canal de diálogo” com a Newtour/MS Aviation e a SATA Holding é formalmente reconhecido, “mas a sua concretização depende de acesso claro, integral e imediato à informação operativa”.

“Sem esse conhecimento, não será possível aos trabalhadores participar com eficácia na discussão de soluções de futuro para a Azores Airlines, tal como defende o sindicato”, afirmou o sindicalista.

No seguimento da reunião realizada com a Newtour/MS Aviation, o sindicato diz que verificou “uma abertura de diálogo que merece ser saudada”, tendo sido expressada a “total disponibilidade para colaborar com o consórcio e com a SATA Holding, de modo a construir soluções de futuro para a Azores Airlines, com todo o respeito e cuidado pela defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores e da Região Autónoma dos Açores”.

Na segunda-feira, o consórcio Newtour/MS Aviation revelou, em comunicado, que a SATA Holding não autoriza que discuta com os trabalhadores o projeto estratégico para a empresa de aviação açoriana.

O consórcio considerou “inaceitável a postura bloqueadora” do conselho de administração da empresa, que “tem erguido sucessivos condicionalismos ao diálogo e, consequentemente, impedido os trabalhadores de conhecerem a verdadeira situação da empresa”.

O conselho de administração da SATA Holding disse, por seu turno, que “não encontra qualquer inconveniente” para o consórcio Newtour/MS Aviation, interessado na compra da Azores Airlines, discutir com os trabalhadores o projeto estratégico que tem para a empresa.

O grupo SATA encontra-se sob um plano de recuperação financeira aprovado em junho de 2022 pela Comissão Europeia, por proposta do Estado-membro, que contempla ajudas financeiras diretas por parte do Estado materializadas em empréstimos e garantias, visando “melhorar a sua operação e situação financeira”.

O valor em causa do auxílio do resgaste é de 453,25 milhões de euros, sendo que o pacote de medidas de recuperação da empresa prevê a privatização da Azores Airlines.

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