BE questiona Governo sobre único radar meteorológico dos Açores
2017-02-01 07:09:00 | Lusa
O Bloco de Esquerda perguntou ao Governo se o único radar meteorológico existente nos Açores será cedido pela Força Aérea norte-americana ao Estado português, como foi anunciado, alegando que já estão a ser retiradas peças do equipamento.
"Veio a público a notícia de que o Governo da República se encontrava em negociações com as autoridades norte-americanas e que iria assegurar a manutenção do radar meteorológico de Santa Bárbara. Todavia, não foi o que sucedeu, pois chegou ao conhecimento deste grupo parlamentar que a infraestrutura exterior do radar estava ainda montada, mas têm sido retiradas peças, segundo consta, para fornecer a outros radares norte-americanos existentes noutras partes do mundo", adiantou o BE, numa pergunta entregue na Assembleia da República, dirigida ao Ministério da Defesa.
Os Açores têm atualmente apenas um radar meteorológico, na Serra de Santa Bárbara, na ilha Terceira, propriedade da Força Aérea norte-americana, que iniciou, em 2015, um processo de redução militar na base das Lajes, localizada na mesma ilha.
Em abril do ano passado, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) foi informado, por carta, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA), de que o radar seria desativado.
Face às suspeitas de que os Estados Unidos já terão começado a retirar peças do radar, o BE perguntou ao Governo se o IPMA irá mesmo aproveitar o equipamento ou se será instalado no local um novo radar, tal como está anunciado para a ilha de São Miguel.
"Se for esta a solução viabilizada, a verba inscrita no Orçamento de Estado para este ano, no valor de 200 mil euros, revela-se claramente insuficiente, quando o custo de instalação de um radar se situa entre 1,5 a 1,8 milhões de euros. O valor atribuído aos Açores chegará apenas para uma remodelação muito limitada no radar da Terceira e para o estudo de impacto ambiental, do local, destinado à instalação de um novo radar em São Miguel", apontam os deputados bloquistas.
O grupo parlamentar do BE alertou ainda para a possibilidade de os Açores ficarem sem qualquer radar meteorológico durante um longo período de tempo.
"Todo o processo de adjudicação e instalação dos radares meteorológicos levará, no mínimo, dois anos, ficando assim a região sem acesso a esta tecnologia durante todo esse tempo, o que é muito perigoso e inaceitável, pelo referido anteriormente. Importa assim, proceder, com a máxima urgência, à instalação de radares provisórios, ou recorrer a outra solução tecnológica apropriada", frisaram os deputados.
O BE defendeu ainda a instalação de um terceiro radar no grupo ocidental, para garantir uma cobertura total do arquipélago.
"O ideal seria a instalação de três radares, um cada grupo de ilhas, de acordo com os especialistas em climatologia, visto o raio de alcance destes equipamentos ser limitado", salienta.