Açores estão a mapear naufrágios para criar plano de visita e interpretação
2017-03-15 10:16:00 | Lusa
Os Açores têm em curso um trabalho de mapeamento dos navios naufragados em redor das ilhas, recorrendo a imagens vídeo, desenho e técnicas de fotogrametria (3D), para delinear um plano de visita e interpretação dos destroços, foi hoje anunciado.
“Estamos a fazer o levantamento fotogramétrico de cada um dos sítios, que no fundo é através da sobreposição de coberturas fotográficas e topografias de alguns pontos que conseguimos fazer um mapa”, afirmou, em declarações à agência Lusa, o arqueólogo José António Bettencourt, acrescentando que desde a década de 90 do século XX decorrem trabalhos de investigação no arquipélago sobre o património subaquático.
Hoje será apresentado na Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorre até domingo na FIL, no Parque das Nações, o Guia do Património Cultural Subaquático dos Açores e o estudo de naufrágios ocorridos no arquipélago, com o objetivo de criar um “produto turístico cultural diferenciador e enriquecedor”.
O estudo foi desenvolvido pelo Observatório do Mar dos Açores em parceria com o Centro de História d’Aquém e d’Além-mar, das Universidades dos Açores e Nova de Lisboa.
Presentemente nos Açores existem 30 sítios visitáveis, dos quais 25 são naufrágios e cinco são parques arqueológicos, porque reúnem mais do que um naufrágio.
José António Bettencourt, que trabalha na Associação de Turismo dos Açores (ATA), destacou que o mapeamento dos naufrágios na região começou com o “Lidador” na ilha Terceira, o “Caroline” no Pico e o “Mains” no Faial, mas há ainda um “trabalho infindável” por realizar no mar dos Açores.
De acordo com o Guia do Património Cultural Subaquático dos Açores, desde o século XVI que são conhecidos naufrágios no arquipélago, sendo que um dos últimos ocorreu em 2003 com o batelão português “Pontão 16”, na praia do Almoxarife, na ilha do Faial.
O arqueólogo referiu que além do mapeamento dos destroços está a ser recolhida informação sobre a história dos próprios navios e a biodiversidade associada, porque pretende-se criar “pranchetas em material submersível para contar uma história sobre a construção naval, a tipologia dos navios, os espaços a bordo e a maquinaria”.
“Muitas vezes estes naufrágios passado um século ou mais uma parte das estruturas já se desmantelou e por isso para os mergulhadores são destroços indecifráveis”, referiu José António Bettencourt, revelando que também se pretende criar pequenos vídeos para que as empresas marítimo-turísticas possam dar mais alguma informação antes de levarem os mergulhadores aos locais onde estão naufrágios visitáveis.
Segundo disse o arqueólogo, pretende-se que quem vá para debaixo de água possa fazer um mergulho cultural, quase como se fosse para um museu.
O diretor regional da Cultura nos Açores, Nuno Lopes, frisou que os vídeos, que serão disponibilizados em espaços nos vários portos dos Açores, também servirão para quem não mergulha.
Além destes pequenos vídeos explicativos e promocionais, que serão exibidos a partir de 2018, Nuno Lopes revelou que há filmes de maior duração, em versão documental, que serão emitidos, já este ano, na RTP “por forma a criar atratividade” para o mergulho enquanto produto turístico e cultural.
Nuno Lopes disse, ainda, que os Açores têm recorrido a diferentes fundos para conseguir investigar o património cultural subaquático, em articulação com vários países de onde são oriundos os navios naufragados.