Lajes do Pico deve entregar candidatura da cultura baleeira à UNESCO em 2018
2017-03-15 10:22:00 | Lusa
O presidente da Câmara das Lajes do Pico, disse hoje que deverá ser entregue à UNESCO, no primeiro trimestre de 2018, a candidatura da cultura baleeira a património da humanidade, processo em preparação há dois anos.
“É um processo complexo, longo, que está a ser preparado para que façamos esta candidatura, penso, no primeiro trimestre do próximo ano”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Roberto Silva, destacando que importa “garantir outra notoriedade a uma atividade, [com] história e património que se construiu” no concelho.
Esta candidatura a património da humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), será dada a conhecer no sábado à tarde, no âmbito de uma apresentação na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), ocasião em que será também abordada a criação da marca “Lajes do Pico: Capital da Cultura Baleeira”.
Roberto Silva destacou que foi criada uma equipa multidisciplinar, que integra o Governo Regional dos Açores, universitários, escritores, antigos baleeiros, empresários, e contratada uma empresa de consultoria para preparar o processo de candidatura da cultura baleeira.
“Queremos que esta cultura associada a uma atividade com mais de cem anos seja reconhecida pela UNESCO e, ao mesmo tempo, se torne um veículo promotor de um território açoriano”, sustentou o autarca, que ambiciona com a classificação “atrair mais riqueza, emprego e dinamização económica” para um concelho onde “tudo gira à volta da baleia”.
Segundo disse Roberto Silva, nas Lajes do Pico está localizado, por exemplo, o Museu dos Baleeiros, um dos mais visitados no arquipélago, que foi inaugurado em agosto de 1988.
Introduzida nos Açores por influência das baleeiras norte-americanas, que usavam as ilhas para reparar avarias, repor mantimentos e recrutar mão-de-obra, cedo a caça à baleia se transformou numa atividade económica relevante no arquipélago, com particular destaque para a ilha do Pico.
Contrariamente ao que aconteceu noutros países, em que a caça à baleia se desenvolveu e mecanizou, nos Açores a atividade manteve-se nos mesmos moldes em que ocorria em finais do século XVIII, utilizando arpões para apanhar as baleias.
Com a eventual classificação pela UNESCO pretende-se garantir notoriedade internacional das Lajes do Pico, algo que “vai exigir dos vários agentes [públicos e privados] outra intervenção no território”, que mantém viva a memória da atividade baleeira na arquitetura, artesanato, música e literatura.
Roberto Silva considerou que as Lajes do Pico merecem também a distinção como capital da cultura baleeira, precisamente porque “mantiveram sempre uma dimensão artesanal”, algo que disse ser único no mundo.
O último cachalote foi apanhado nos Açores em 1987 do século XX, com recurso aos métodos tradicionais, do arpão e da lança.