Greve dos médicos condiciona consultas e exames no hospital de Ponta Delgada
2017-05-10 12:16:06 | Lusa
O serviço de consultas externas do Hospital de Ponta Delgada, estava hoje, cerca das 10:30 locais, a funcionar a 50%, enquanto a realização de exames se encontrava condicionada, disse a responsável nos Açores do Sindicato Independente dos Médicos.
Luísa Ferraz afirmou, em declarações à agência Lusa, que o serviço de urgência do hospital estava a ser assegurado e “a funcionar normalmente”, enquanto o bloco operatório estava a funcionar com uma cirurgia.
A paralisação foi convocada por dois sindicatos médicos para hoje e quinta-feira e é a primeira destes profissionais de saúde que enfrenta o ministro Adalberto Campos Fernandes.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) reivindicam um conjunto de 30 pontos e queixam-se de que o Governo tem empurrado as negociações ao longo de um ano, sem concretizações, e demonstrando falta de respeito pelos profissionais.
A sindicalista remeteu para mais tarde números concretos sobre a adesão à greve nos centros de saúde e hospitais dos Açores, tendo a secretária regional da Saúde adotado a mesma postura, considerando ser ainda prematuro avançar com valores.
Segundo constatou a Lusa no local, a maior parte dos utentes do hospital de Ponta Delgada, nos Açores, foi surpreendida esta manhã pela paralisação, reinando, na consulta externa, a expectativa sobre a possibilidade de aceder à consulta ou exame agendado.
Armanda Estrela, de 70 anos, veio da freguesia dos Ginetes, a cerca de 30 quilómetros de Ponta Delgada, e manifestou a sua indignação pelo facto de não ter sido alertada para a paralisação dos médicos, referindo que aguarda pela sua consulta há cerca de seis meses.
A paciente Fátima Barbosa, de 19 anos, natural do concelho da Ribeira Grande, aguardava com expectativa na sala de chamada para os exames e consultas, que aparentava normalidade, por uma consulta agendada há um ano.
De Ponta Garça, concelho de Vila Franca, a cerca de 35 quilómetros de Ponta Delgada, veio Graça Melo, de 59 anos, que também aguardava consulta há mais de um ano.
Roberto Rodrigues, de Ponta Delgada, com consulta marcada há alguns meses, era o único com conhecimento da paralisação dos médicos, mas não quis abdicar da mesma e resolveu arriscar na esperança desta ser realizada.
A limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.
Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.
O Ministério da Saúde tem dito que não negoceia sob pressão e considera-se empenhado no diálogo com os sindicatos médicos.