Direção da Câmara do Comércio da Horta demite-se com críticas a sócios e Governo dos Açores
2017-06-21 09:53:26 | Lusa/RHA
A direção da Câmara do Comércio e Indústria da Horta (CCIH) demitiu-se, anunciou o seu presidente, Carlos Morais, justificando a decisão com o "afastamento" dos associados e a "tentativa de asfixia" do Governo dos Açores.
Falando em conferência de imprensa, na ilha do Faial, Carlos Morais, que presidia também à Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, disse não ter condições para continuar a gerir a associação, que está ainda a braços com uma dívida de meio milhão de euros.
"Em primeiro lugar, sentimos algum afastamento dos associados da sua própria associação, provavelmente também por culpa nossa", admitiu Carlos Morais, notando que na assembleia geral extraordinária da última segunda-feira, para analisar a situação da CCIH, apenas compareceram 15 de cerca de 300.
O empresário explicou que esse afastamento poderá estar relacionado com medidas que a direção não conseguiu implementar, como é o caso da recuperação da sede da CCIH, que “se vem degradando a cada mês que passa".
Outro dos motivos para a demissão da direção da CCIH foi a "retirada" de técnicos do Governo Regional que estavam afetos às câmaras do comércio da região, desempenhando funções de acompanhamento dos empresários e apreciação de candidaturas de investimento.
Carlos Morais referiu que essa decisão, que resulta de uma imposição do Programa Operacional 2020, impedindo as câmaras do comércio de emitirem pareceres "em causa própria", acabou por retirar "toda a massa crítica e humana" necessária para desenvolver os projetos da instituição, que de nove funcionários passou a ter dois.
"Eu penso que há alguma tentativa de asfixiamento de algumas associações e da Câmara do Comércio", lamentou o empresário do Faial, apontando o dedo ao executivo açoriano por não colaborar mais com a instituição.
A título de exemplo, o presidente demissionário adiantou que o município da Horta "tem sido um parceiro ativo" da Câmara do Comércio, mas lamenta que não tenha encontrado no Governo Regional o mesmo tipo de "parcerias".
"Se a situação financeira da Câmara do Comércio fosse equilibrada, se calhar teríamos partido para outras soluções", admitiu Carlos Morais, acrescentando que, nas atuais circunstâncias, "é difícil gerir uma casa assim".
As únicas fontes de receita da CCIH são as quotas dos associados (10 euros/mês), que alegadamente não chegam para pagar os salários dos dois funcionários, e ainda o aluguer de tendas e um protocolo de cooperação com o Governo dos Açores, no valor de 40 mil euros/ano.
Carlos Morais espera agora que a sua saída permita a entrada de "sangue novo" nesta entidade, assim como de uma "melhor capacidade de diálogo para resolver os problemas da instituição"
As eleições extraordinárias para a eleição da nova direção da CCIH estão marcadas para o dia 31 de agosto.